
Maternar: arte de exercer a função materna
Materna: carinhosa e afetuosa
Expatriada: aquela que deixou a sua pátria
No jogo de palavras, jogam também sentimentos infinitos: inseguranças, conquistas, orgulhos, desafios, temores, escaladas, plenitudes, certezas, sonhos, determinações. Sobretudo, amor aos filhos e confiança na terra escolhida.
Viver longe de onde nasceu e cresceu é difícil, até mesmo para quem almejou e construiu a longo prazo um plano de vida canadense. Mas quem quer vir e quem já vive esta realidade encontra conforto, apoio e identificação nas palavras e acolhimentos de uma rede materna online. Se você tiver uma dúvida simples (Como vestir meu filho no inverno canadense? Como funciona a biblioteca pública?) ou precisar de abrigo (O que fazer com essa dor por criá-los longe da família? Como manter a nossa cultura e língua vivas ?) existe uma rede preparada para apoiar você.

Entre os blogs e às mídias digitais, conversamos com três mães expatriadas e ativas na informação, integração e recepção de outras mães brasileiras e portuguesas ao Canadá.
Livi Souza, 41, é autora do blog Baianos No Polo Norte. Está em Toronto há vinte anos e é mãe de duas meninas, uma de 11 e outra de 9 anos. Consultora educacional e graphic designer, encontrou no blog uma forma de compartilhar com a família no Brasil um pouco da rotina após o nascimento da primeira filha. De lá pra cá, se tornou referência em informação nos mais diversos assuntos relacionados à cidade e ao país. Além de experiências pessoais, o blog traz detalhes sobre os sistemas públicos de saúde e educação, aborda a realidade local em temas relevantes, dá dicas de festivais, diversas atrações culturais e detalhes históricos apaixonantes.

Danielle Vidal, 35, é mentora de Famílias Expatriadas e fundadora do Migração Consciente. Criadora do blog Vidal Norte, Dani fala sobre sua experiência vivendo em New Market após uma temporada em Toronto, onde encarou uma gravidez durante o College logo após a sua chegada no país. Mãe de duas meninas, uma de 3 anos e outra com 10 meses, ela apresenta um pouquinho da rotina canadense e da região onde mora e traz abordagens sobre temas pertinentes a quem vive situações próximas.

Mafalda Oliveira é Doula, é instrutora de Yoga e massagem tailandesa, mãe de uma menina de 2 anos e um menino de 11 meses. Chegou ao Canadá para estudar e acabou ficando por ver oportunidades econômicas mais favoráveis do que em sua terra natal, Portugal. Com outras mulheres portuguesas e brasileiras, está a frente como sócia-fundadora do Mama Doula, empresa que oferece informações, serviços e workshops sobre doulagem, parto, cuidados com recém nascidos. A equipe também acompanha como tradutoras consultas médicas e outras necessidades para as famílias não fluentes em inglês.
Em comum: as dificuldades de uma rede de apoio mínima; não ter espaço para solitude, dificuldade em manter vida social e de casal, excesso de trabalho invisível.
Principalmente, o empreendedorismo materno que surge da necessidade de se manter sã e economicamente ativa. Uma fuga para o cansaço infinito da maternidade em algo que, por (ainda) mais trabalho que traga, seja também amor próprio e inspiração.
Uma rotina com preço alto, mas que se paga para quem enxerga a importância e diferença de criar uma criança em um país como o Canadá.
Aqui, terão contato com diversas culturas em um alto nível de tolerância e respeito. Serão educadas em escolas públicas e frequentarão os mesmos hospitais independente da profissão dos pais. Terão transporte com segurança para ir e vir, com liberdade de andar na rua sem pavor de assaltos e violência. A igualdade social se mostra não apenas nos projetos políticos, mas na rotina de quem vive aqui.
Priscilla Ruzzante é jornalista, mãe, e vive em Toronto.