
Tive o grande prazer e a honra de entrevistar o medalhista de ouro olímpico do vôlei brasileiro, Paulo André Jukoski da Silva, o Paulão do Vôlei.
Nascido em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, Paulão pouco depois mudou-se para Gravataí, onde residiu até iniciar a carreira como jogador profissional de vôlei.
Após se aposentar das quadras de vôlei, Paulão seguiu carreira política. Atuou no Ministério do Esporte apoiando projetos esportivos voltados para a educação e a inclusão social. Hoje, o ex-jogador faz palestras pelo Brasil, contando as suas experiências de atleta e desenvolve temas com enfoque motivacional no trabalho em equipe
Em nossa entrevista, conversamos sobre o combate à pandemia do Covid-19, e o atleta ponderou que, até que a vacina seja disponibilizada, todos devemos fazer nossa parte em nosso autocuidado, seguir as instruções de nossos especialistas em saúde e cumprir todas as restrições.
Durante a entrevista, me referi ao período pós-pandemia de 2021 como um “novo mundo, com novos começos”. Com entusiasmo, Paulão respondeu: “Devemos nos manter positivos, pois novos horizontes se abrirão. Em termos esportivos, temos o campeonato da Liga das Nações, que voltará a ser disputada, depois de cancelada por causa da pandemia. Quanto às Olimpíadas no Japão este ano, acredito que serão feitas principalmente online.”
Paulão é a personificação de um tecido multicultural brasileiro, de família italiana, alemã, polonesa e brasileira. “Minhas raízes maternas italianas e polonesas são muito fortes. A colonização europeia é muito forte no Brasil, principalmente no sul. Muitos europeus eram agricultores que vieram trabalhar na terra, resultando em casamentos inter-raciais com brasileiros e outras culturas. Como resultado, muitos brasileiros têm dupla cidadania”, Paulão afirmou.
Atualmente, Paulão mora na Ilha de Florianópolis, em Santa Catarina, com sua esposa Cláudia e 2 filhos: Pietra e Pedro. “Pietra tem 22 anos e joga vôlei na superliga curitibana. Pedro joga pela Liga Espanhola de Barcelona. Meu filho jogou também na Liga Nacional Canadense de Voleibol Masculino quando o voleibol estava se tornando popular no Canadá. O sustento da minha família é baseado nos esportes. O voleibol para nós é a nossa verdadeira paixão, sonho e legado familiar que vai continuar”, disse Paulão.
A história do atleta é inspiradora e motivadora. Apesar de um estrelato internacional rápido, ele é extremamente grato e orgulhoso de sua origem humilde. Foi preciso muito trabalho, dedicação, compromisso, fé, foco e perseverança para atingir o seu nível de sucesso. “Minha carreira começou na escola e no clube SOCIEPA, Sociedade de Ginástica de Porto Alegre, quando eu tinha 14 anos. Eu fazia a rota Porto Alegre-Gravataí, de 30 km, todos os dias”. O professor João Baptista pagava a minha viagem e almoço. Foi um presente “triunfo”.
Eu vim de uma origem humilde, minha família não podia pagar itens não essenciais como viagens, almoços e uniforme para me sustentar como um atleta. O professor Baptista me inspirou e motivou a continuar a carreira no vôlei. Joguei em vários times até chegar ao campeonato nacional brasileiro. Na competição nacional brasileira, me tornei o melhor bloqueador do campeonato, e isso abriu portas para mais clubes e outras ligas.”

Perguntei-lhe o que o motiva a acordar todas as manhãs e ele respondeu: “O amor por minha família, minha esposa Claudia, que me apoia, e nossos dois filhos. Meu sonho é de um dia criar um Centro de Excelência, onde esportes possam ser praticados tanto em ambientes internos quanto externos. Criar um ambiente que promova o bem-estar liderado por treinadores profissionais que usarão o voleibol como uma ferramenta para o desenvolvimento físico, emocional e psicológico das crianças e apoiarão a proatividade dos idosos e criarão alegria eterna. Estou profundamente apaixonado por criar oportunidades educacionais que promovam e apoiem o bem-estar, estilos de vida saudáveis e longevidade. (…) Incutir alegria e felicidade na vida das pessoas é uma grande lição que minha família me ensinou. Os melhores atletas e treinadores sabem como compartilhar esses ensinamentos, felicidade e alegria com os outros. Eles motivam, eles inspiram. A alegria e a gratidão de vir de um lugar onde não tinha tênis para calçar e ser patrocinado por grandes empresas de calçados é um grande presente.” Ele disse.
Paulão afirma que, para conquistar o título de ouro, é preciso vencer desafios dentro e fora da quadra. E ter esse apoio e disciplina fora da quadra é fundamentalmente importante. Tive muita sorte de ter um time de apoio forte, fora da quadra de vôlei. Um caráter forte cria uma equipe forte. Cada atleta deve carregar o legado, para fazer o melhor por sua equipe, e esta é a qualidade de confiança e cooperação que encontrei em nossa equipe que conquistou a medalha de ouro olímpica em 1992”.
Já que o filho dele, Pedro, jogou na Liga Nacional Masculina no Canadá, perguntei se o Paulão pensaria em morar no Canadá. Sem hesitar, ele respondeu com franqueza: “quem não sonha em morar no Canadá? É um país bonito. Meu querido amigo Mark Wu, um brasileiro-canadense de ascendência chinesa e campeão nacional brasileiro de Tae Kwon Do, me encorajou a pensar em fazer esta mudança. As palavras encorajadoras de Mark, “Podemos criar uma parceria de intercâmbio de treinamento com o Canadá” permearam meu espírito e mente.
Mark e eu estamos trabalhando juntos para contribuir com os jovens, meninos, meninas e jogadores de alto calibre do Canadá. Nosso objetivo e sonho é que nossos esforços, dedicação e comprometimento resultem em que esses jogadores se tornem parte da Seleção Canadense, “Team Canada”.

Eu perguntei, “O que é necessário para o Canadá conquistar grandes títulos no voleibol?”, e Paulão respondeu: “Isso pode ser um grande triunfo. Eu costumava brincar com essa possibilidade, mas desde que meu filho jogou no Canadá, tenho investido grande consideração caso surja a oportunidade. Eu ficaria honrado com a oportunidade e a possibilidade de contribuir com minhas conquistas como medalhista de ouro no vôlei olímpico e técnico nacional para a seleção canadense. O Canadá tem uma estrutura espetacular, mas precisa desse intercâmbio com o Brasil. Embora o Canadá tenha equipes incrivelmente competitivas, algo está “faltando”. Então, acho que isso e o intercâmbio e a parceria entre o Canadá e o Brasil seriam de grande benefício para a seleção canadense, “Team Canada”.
O que é feito no vôlei brasileiro fora da quadra de vôlei pode ser um grande benefício para a Seleção Canadense. Para mim, isso seria cumprir uma profecia, um sonho. Um lindo país bilíngue com um tecido multicultural. Seria uma honra dirigir projetos para melhorar a qualidade dos jogadores de voleibol canadenses, bem como o projeto de criação de um centro de excelência indoor e esportes ao ar livre para pessoas de todas as idades; atletas profissionais e amadores; dar continuidade a este esporte e ao mesmo tempo promover bem-estar e alegria. ”
“Uma meta alcançável é usar o voleibol como uma ferramenta de ensino para criar felicidade e ajudar os outros a realizar seus sonhos! Atualmente, essa é a minha maior conquista ” exclamou Paulão encantado.