Cônsul Geral do Brasil em Toronto: José Vicente de Sá Pimentel

Embaixador José Vicente de Sá Pimentel

Por Marta Almeida

 

Capixaba de Vitória, Espírito Santo, o novo Cônsul Geral do Brasil em Toronto, José Vicente de Sá Pimentel já atuou como diplomata em diversos países e há 17 anos atingiu o status de Embaixador. O fascínio pela diplomacia começou ainda na infância quando se identificava com matérias relacionadas com a carreira. Ao se graduar em Direito, decidiu concretizar o sonho. Entrou para o concorrido Instituto Rio Branco e desde então acumula cargos, responsabilidades e muitas histórias para contar. Pimentel recebeu a Wave para esta entrevista quando estava completando exatos 21 dias em Toronto.

 

Wave: Para começar, o senhor chega a Toronto com que prioridades?

Pimentel: A minha prioridade é utilizar tudo aquilo que temos para fazer o melhor trabalho possível. Quer dizer, qual é o interesse do Brasil? É ter as melhores relações possíveis com o Canadá. Para que o Brasil tenha boas relações com o Canadá, é preciso que nós tenhamos bons resultados econômicos, comerciais, então a minha prioridade é fazer com que estes contatos na área comercial econômica sejam feitos da melhor maneira possível. Além disso, o Consulado tem também a obrigação, a responsabilidade de cuidar da comunidade brasileira que exista na sua jurisdição, então a minha prioridade é cuidar da melhor maneira possível desta comunidade. Nós temos com o Canadá em geral uma nova circunstância, que para mim é extremamente prazenteiro: dar a ênfase que nós temos agora na cooperação educacional, pois temos o terceiro maior contingente de alunos do programa Ciências Sem Fronteiras em escolas canadenses, e isso é uma prioridade pra mim. Enfim, as prioridades vêm ao sabor dos acontecimentos, na minha maneira de ver, no Itamarati, na diplomacia em geral, a prioridade é apagar o incêndio que está se colocando naquele momento e o resto é um trabalho permanente. É este trabalho de formiguinha, fazer tudo ao mesmo tempo, sem achar que você vai salvar a pátria, sem achar que você vai resolver todos os problemas, mas não desistindo por causa disso.

 

Wave: Como tem sido o contato com a comunidade brasileira?

Pimentel: Eu já tive oportunidade de participar de uma reunião do Conselho de Cidadãos, fiquei muito bem impressionado. Achei o pessoal ótimo, vieram muitos, estavam interessados, e achei muito bom o contato. A minha mulher já teve uma reunião também com umas senhoras que a convidaram. Em geral, nesta vida que um diplomata leva, uma das coisas mais complicadas que tem é você estar sempre longe do seu lugar, é por isso que eu trago as minhas coisas. Eu carrego pra todo lugar que eu vou, coisas que as pessoas dizem, mas pra que você trouxe isso? É importante pra mim, para eu me sentir em casa, ter algum contato com coisas que dizem respeito a mim, e quando você encontra brasileiros numa terra que é completamentediferente, é um prazer, é a sua gente, a sua cultura, e no meu caso é também o meu trabalho.

 

Wave: A gente sabe que uma parcela razoável da comunidade brasileira aqui vive às margens da sociedade, na ilegalidade, são imigrantes ilegais… Qual será o olhar do embaixador José Vicente para estas pessoas?

Pimentel: Este termo ilegalidade é forte. Acredito que estas pessoas estão à margem de um determinado conjunto de regras, e eu acho que muito possivelmente provisório. E todas terão do Consulado acolhida igual. São cidadãos brasileiros e mesmo que haja um problema com a lei canadense, eles terão assistência consular, de maneira que brasileiro pra mim é tudo igual e a acolhida será sempre muito simpática. Estaremos sempre aqui de braços abertos.

 

Wave: Para encerrar, qual é a mensagem do senhor para a comunidade brasileira que está sob seus cuidados agora?

Pimentel: Antes de vir, até de escolher este posto, eu me informei no Itamarati sobre como eram as coisas aqui em Toronto e todas as informações que eu tinha é de que a comunidade brasileira em Toronto é da melhor qualidade. Não é daquele tipo de imigrante que cria problema, que só tem reivindicações absurdas. São pessoas que bem ou mal quiseram, porque enfim é uma coisa individual, deixar o Brasil, mas se consideram brasileiros, respeitam o contato com as autoridades brasileiras, de maneira que o que eu gostaria de transmitir a todos que o Consulado assim como o governo brasileiro tem todo interesse em manter com esta comunidade a melhor relação possível. Uma relação que melhore a vida deles aqui, que dê algum tipo de apoio aos interesses deles. Aquilo que nós pudermos fazer em benefício dos brasileiros, em conversas com autoridades canadenses, tudo o que for legítimo, nós faremos não apenas por ser nosso dever, mas faremos com muito prazer.

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