Depois de ter sua filha, a carateca paulista Djefini Carvalho retoma a vida de atleta de ponta

por Luiz Humberto Monteiro Pereira
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Paulista de Barueri, Djefini Carvalho é atleta de caratê de contato Shinkyokushin, um dos estilos que surgiram dos ensinamentos ministrados pelos discípulos diretos do mestre Mas Oyama. “O caratê Shinkyokushin, que visa o nocaute do adversário, ainda é considerado amador e não consta das práticas do calendário olímpico. Com isso, a luta de quem resolve praticar a modalidade começa logo após a decisão de se tornar um atleta”, explica Djefini, que é filha do técnico Denivaldo Carvalho, presidente da South America Karate Organization (SAKO). Estimulada pela família desde pequena, ela foi oito vezes consecutivas campeã sul-americana (Brasil 2004, Argentina 2006, Chile 2007, Uruguai 2008, Argentina 2010, Brasil 2012, Bolivia 2014 e Brasil 2015), dez vezes campeã brasileira e onze vezes campeã paulista. Além disso, foi sétimo lugar no Mundial do Japão, em 2011, e quinto lugar na Copa do Mundo da Lituânia, em 2013.
A trajetória de títulos foi interrompida pela surpresa da gravidez, que afastou Djefini das competições em 2015. Agora, aos 29 anos, ela concilia o trabalho de fisioterapeuta com a função de mãe de uma menina de um de quatro meses, enquanto retoma a rotina de atleta de ponta. “Deixei as disputas, mas não os treinos. Durante toda a gestação eu mantive, obviamente em escala menor, a rotina de treinamentos. Estou segura do seu objetivo. Eu tinha certeza que ia voltar para o tatame, competir e continuar com a minha carreira”, acredita a carateca, que se prepara para o Campeonato Sul-americano de Caratê, que será realizado no Brasil no mês de novembro e será também seletivo para o Mundial do Japão, em 2019.
participar das Olimpíadas é sonho de qualquer atleta. Agora, esse sonho está cada vez mais próximo.
Esporte de Fato – Como se iniciou no caratê?
Djefini Carvalho – Meu pai é professor e minha mãe também. Vendo suas aulas, veio a minha vontade de fazer caratê. Iniciei com seis anos. Minha primeira competição foi aos sete anos, em um campeonato paulista na cidade onde eu moro, Barueri. Eu conquistei o segundo lugar na categoria mirim com assistente.
Esporte de Fato – Como viu a inclusão do caratê nos Jogos Tóquio 2020?
Djefini Carvalho – Com toda certeza com muita alegria, pois isso é o sonho de todos os atletas da modalidade. Não tenho dúvidas do quanto difícil foi obter essa conquista.
Esporte de Fato – Sonha em disputar as Olimpíadas em Tóquio?
Djefini Carvalho – Sim, participar das Olimpíadas é sonho de qualquer atleta. Agora, esse sonho está cada vez mais próximo. Tenho chances, mas preciso treinar muito e participar por várias seletivas, pois somente os melhores irão a Tóquio.
Esporte de Fato – Depois dos Jogos Rio 2016, muitos atletas brasileiros reclamam que os patrocínios desapareceram. Você tem patrocínios ou bolsas?
Djefini Carvalho – Nunca tive nenhum tipo de patrocínio, apenas o “pai-trocinio” – meu pai não mede esforços para que eu possa competir. Sempre foi ele quem custeou os meus gastos, desde passagens até alimentação e suplementação. Fui bolsista no programa Bolsa Atleta por pouco tempo, para ser exata de 2005 a 2008.
Meu maior ídolo é o meu pai
Esporte de Fato – Muitos atletas de lutas têm problemas com controle de peso, para se manterem nas categorias. Você tem esse tipo de problema?
Djefini Carvalho – Nunca tive problema com o peso para competir, sempre fui muito consciente sobre isso, e muito controlada. Às vezes preciso subir de categoria e aí a correria é inversa, para pode subir de peso, mas sempre foi muito tranquilo também.
Esporte de Fato – Quais são seus ídolos dentro do caratê?
Djefini Carvalho – Meu maior ídolo é o meu pai, que é meu shihan, meu professor, meu técnico. Tudo o que eu conquistei, na vida esportiva e na vida profissional, foi graças aos seus ensinamentos. Mas me inspiro em outros caratecas, como o bicampeão mundial japonês Norichika Tsukamoto. Também tenho muita admiração pelo Rafael Cardoso, tetracampeão sul-americano, que coleciona títulos nacionais e internacionais.
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