Manobras do destino

A paulista Pâmela Rosa está entre as melhores skatistas do Brasil e sonha com as Olimpíadas de 2020.

por Luiz Humberto Monteiro Pereira
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Entrevista com a skatista Pâmela Rosa – Fotos: Pablo Vaz

Aos 17 anos, uma paulista de São José dos Campos é considerada um dos grandes nomes do skate brasileiro. Está entre as campeãs do circuito mundial de skate feminino e é bicampeã dos X-Games, competição conhecida como a “olimpíada dos esportes radicais”. Em fevereiro deste ano, levou o título na etapa de Oslo, na Noruega, e se tornou a skatista mais jovem a se tornar campeã na modalidade street. Em junho, na etapa de Austin, no estado norte-americano do Texas, conseguiu o bicampeonato. Sua modalidade, o street, reúne 95% dos praticantes de skate no Brasil e consiste em praticar o skate em obstáculos que são encontrados nas ruas das cidades, como monumentos, praças, bancos, corrimãos, muretas, escadas, etc. O street skate também é praticado em pistas que simulam a arquitetura urbana. “Vale a criatividade para fazer manobras. Na hora de decidir quem são os melhores, é levada em consideração a técnica, a velocidade e o estilo”, explica a skatista.

Pâmela vibra com a possibilidade de representar o Brasil nas Olimpíadas de Tóquio, em 2020, quando o skate estreia como modalidade olímpica. “Vou me dedicar muito para não ficar fora dessa”, avisa a adolescente que já viaja o mundo competindo, sempre acompanhada pela mãe, Evânia. Ela acaba de terminar o Ensino Médio e pretende fazer uma faculdade de Educação Física. “E seguir minha carreira no meio do skate”, planeja a skatista, que é patrocinada por Nike SB, Baby-G e Secretaria de Esportes de São José dos Campos, com apoio da Construtora M. Vituzzo e Vinac Consórcios.

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Esporte de Fato – O que achou da inclusão do skate como categoria olímpica, nos Jogos Tóquio 2020?
Pâmela Rosa – Para nós, skatistas brasileiros, é um grande passo para o reconhecimento que tanto sonhamos! Acredito que o incentivo ao skate feminino vai aumentar. Deve ser uma honra ser atleta olímpico, representando seu país.

Com meu desempenho neles, apareceram oportunidades de iniciar uma profissionalização.

Esporte de Fato – Como avalia as possibilidades brasileiras no skate olímpico?
Pâmela Rosa – Se os Jogos fossem hoje, creio que os brasileiros e os norte-americanos seriam os favoritos. Mas o skate evolui constantemente e, até lá, muita coisa nova surgirá…

Esporte de Fato – Como se iniciou no skate?
Pâmela Rosa – Tinha uns 8 anos, quando peguei um skate de um amigo da minha irmã, sem autorização… Consegui “remar” rua acima sem dificuldades, depois desci e não parei mais… Logo o skate já tinha virado o meu estilo de vida. Gosto muito dos campeonatos, pela convivência com skatistas de lugares diferentes. Por isso, participei de vários. Com meu desempenho neles, apareceram oportunidades de iniciar uma profissionalização. Foi um caminho natural, apesar de muito difícil. Tenho que repor as aulas que perco, estudando em duplo período e fazendo as provas. Fica muito corrido. É estudar o dia inteiro e treinar à noite.

Esporte de Fato – Como acredita que o skate possa se desenvolver mais como esporte no Brasil?
Pâmela Rosa – Muita coisa poderia ser feita. Precisaríamos de pistas melhores, construídas por gente especializada. Seria importante ter mais atenção das marcas envolvidas com o meio do skate. E a organização de campeonatos internos, com organização e premiações decentes, respeitando todos os skatistas, de todas as categorias, ajudaria bastante.

Fico orgulhosa quando vejo agora a quantidade de meninas andando de skate e acompanhadas de suas famílias.

Esporte de Fato – Quais são suas pistas prediletas de skate?
Pâmela Rosa – No Brasil, gosto da pista do Aquários, em São José dos Campos, mas ando muito no Centro Poliesportivo Vila Tesouro, que é mais acessível, por ser a mais perto da minha casa e pela galera que frequenta. No mundo, gosto da The Berrics, na Califórnia, pela perfeição do acabamento e pelos obstáculos.

Esporte de Fato – O skate tradicionalmente era considerado um esporte “de menino”. Ainda é assim?
Pâmela Rosa – Esse preconceito ainda existe, mas é bem menor agora do que quando comecei a andar… De certa forma, fico contente em saber que a conduta da minha família durante todo esse tempo contribuiu para mudar isso. Fico orgulhosa quando vejo agora a quantidade de meninas andando de skate e acompanhadas de suas famílias. Hoje, os meninos me respeitam e me ajudam muito – eu sou a mais nova de todas as meninas que competem fora. As mulheres vêm ganhando espaço na modalidade, tanto no Brasil como no exterior.

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