por Flávia Berredo de Menezes
Com o barril de petróleo negociado abaixo de US$50 no mês de fevereiro, o mercado econômico mundial acumula perdas de 60% na indústria petrolífera desde junho de 2014, quando o tonel era comercializado a US$115. A magnitude desta queda tem abalado significativamente as estruturas financeiras do Canadá, que sofre as consquências que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) impôs nesta guerra de preços baixos contra o setor de óleo e gás, produzidos em grande escala na região que mais cresce no país, Alberta.
Pilar da expansão econômica canadense, a província representou um aumento de 40% do crescimento do número de empregos da nação, conforme dados do governo. Todavia, Jim Prentice premier de Alberta afirma que já no início de 2015 as circunstâncias financeiras serão as mais graves em 25 anos. Em um encontro do premier com o ministro de finanças Robin Campbell em fevereiro, ficou bem claro que “os próximos acontecimentos na indústria de petróleo e gás vão ser muito difíceis para as pessoas, pois muitas delas perderão seus empregos e casas. Famílias vão estar em apuros”, conforme Campbell.
A queda dos preços no ramo petrolífero deve-se ao aumento da produção de óleo nos Estados Unidos e a uma perda considerável de demanda do “ouro negro” negociados na Europa e na Ásia. Em novembro de 2014, a crise se agravou com o aumento da oferta e a renúncia da OPEP em reduzir o valor do barril, ignorando os preços no comércio internacional.
A Organização atribui o baixo custo de venda do óleo extraído do xisto encontrado no Canadá e EUA como fator responsável pelo excesso de produtividade na América do Norte, competindo diretamente com a Arábia Saudita na produção petrolífera. Analistas do banco CIBC estão prevendo um déficit na economia de Alberta em cerca de 0,3% neste ano e a população está preocupada.
Diante do baixo preço do xisto, o setor petroleiro vive uma luta diária pelo acúmulo da produtividade, e negligencia a lei da oferta e demanda de mercado, resultando em demissões em massa. A petroleira canadense Suncor dispensou mais de mil funcionários para reduzir seus custos, além da Chevron, outra grande empresa no segmento, que interrompeu a perfuração no mar de Beaufort devido à instabilidade econômica.
Este colapso, ainda está longe de acabar, nos alerta ao perigo da crise nesta corrida desenfreada pelo “progresso” dos grandes centros urbanos e, ao que tudo indica, se transformará no colapso da vida moderna. Cabe aos pesquisadores, abraçar estudos de desenvolvimento de uma matéria-prima sustentável e menos impactante, impulsionando a qualidade de vida não só para a população em geral, mas, sobretudo, para o mundo e para as gerações futuras.
*Flávia é graduada em Jornalismo pela Universidade de Vila Velha, Brasil, também formada em Marketing e Relações Públicas pelo Cavendish College de Londres, Inglaterra, e Correspondente Internacional pela organização Transitions Online de Praga, República Tcheca. Contato: [email protected].