Para Cléber Machado, demissão de Abel no Fluminense é “incoerente”

Narrador lembra que técnico é o atual campeão brasileiro. Dos 20 times que disputam a série A do Brasileirão, 10 já mudaram de comando.

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Por Kennia Wiswesser

A parceria entre o Fluminense e o técnico Abel Braga chegou ao fim depois da derrota para o Grêmio em Porto Alegre, por 2 a 0 – a quinta consecutiva neste Campeonato Brasileiro. A notícia voltou a levantar o debate em torno da troca de treinadores. Para o narrador da TV Globo, Cléber Machado, convidado do programa Bem, Amigos!, a saída de Abel Braga é incoerente diante do fato de que ele é o atual campeão brasileiro e o campeonato está na nona rodada:

“Como a gente não conhece o interno, e o Fluminense tem um bom gestor no departamento de futebol, o Rodrigo Caetano, teoricamente, você entende que lá dentro chegou-se à conclusão de que houve um fim de ciclo. Mas é estranho o técnico campeão brasileiro, depois de nove rodadas do campeonato do ano seguinte, estar fora do clube. É meio incoerente”, disse o narrador no Bem, Amigos!.

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Ao mesmo tempo em que diz ser estranha a troca, Cléber Machado ressalta que o discurso da mudança, diante de poucos resultados ruins, passa pelos próprios treinadores:

“Os próprios treinadores brasileiros costumam falar que há prazo de validade para o trabalho deles. Quando eles alimentam também essa situação, você passa a compreender que o clube opte por uma troca quando não vai bem. Acho que o Fluminense tem um bom time, que vive um momento difícil. Um time que perde cinco jogos seguidos, obviamente, não está bem.”

Para o narrador, a cultura do futebol brasileiro é a mesma no que diz respeito aos treinadores, ou seja, uma série mínima de resultados ruins pode resultar em demissão. Cléber Machado ainda lembra que, ao manter Neymar, se dizia que o Santos provocaria mudanças, mas que nada aconteceu em seguida:

“Acho que não muda nada não, lamentavelmente. Similar à história do ‘Santos segurou o Neymar, agora mudou tudo’. Acho que não muda nada. Há sempre um desejo de negociar, seja por parte do jogador, da equipe do jogador e do próprio clube. Todo mundo quer negociar e, na questão do técnico, é mais ou menos a mesma coisa”, concluiu.

A demissão de Abel Braga do Fluminense confirma uma tendência que se tornou regra no futebol brasileiro – a constante substituição de treinadores. Antes de sua 10ª rodada, a Série A do Campeonato Brasileiro já assistiu a dez quedas de comando entre os 20 times que disputam o título. A média de jogos disputados neste início de Brasileiros pelos treinadores demitidos fica em torno de 5,3. Apenas Edson Pimenta, da Portuguesa, e o próprio Abel sobreviveram às últimas nove rodadas. Muricy Ramalho, do Santos, foi o primeiro a aumentar a estatística: foi dispensado na 2ª rodada.

Na opinião do jornalista Carlos Eduardo Éboli, existem duas formas de um técnico ser demitido, além dos resultados ruins: bater de frente com as estrelas dos times e perder o comando dos jogadores: “A base disso tudo é a gestão ruim, paternalista, amadora, passional, que atende aos gritos da arquibancada com facilidade.”

O Canal PFC Internacional transmite o Bem, Amigos!, apresentado por Galvão Bueno, ao vivo e toda segunda às 21h (de Brasília).

Confira os técnicos que foram trocados:

Time                    Saiu                                                                Entrou
Grêmio              Vanderlei Luxemburgo (5 jogos)        Renato Gaúcho
Portuguesa     Edson Pimenta (9 jogos)                          Guto Ferreira
Santos                Muricy Ramalho (2 jogos)                      Claudinei Oliveira
São Paulo         Ney Franco (5 jogos)                                 Paulo Autuori
Atlético-PR    Ricardo Drubscky (6 jogos)                     Wagner Mancini
Ponte Preta    Guto Ferreira (4 jogos)                             Paulo César Carpegiani
Flamengo        Jorginho (4 jogos)                                       Mano Menezes
Vasco                  Paulo Autuori (6 jogos)                            Dorival Jr.
Náutico             Silas (3 jogos)                                                Zé Teodoro
Fluminense   Abel Braga (9 jogos)                                  Vanderlei Luxemburgo

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