Radik

0
802

Músico brasileiro representa a gigante canadense Godin Guitars.

Por Cristiana Moretzsohn

Radik
Tudo surgiu de uma paixão. Primeiro pela música, aos cinco anos, e depois por um amor nos Estados Unidos que o fez sair do Brasil definitivamente e recriar o músico e poeta dentro de si.

Onze anos após sua chegada na Califórnia, Ricardo Radik é músico e compositor, com um albúm de sucesso, Pêra e outro em pré- produção. Um artista independente que foi reconhecido por uma das principais fabricantes de violões acústico-elétricos do mundo, a canadense Godin Guitars, sua patrocinadora.

Com influências da MPB, música clássica, música flamenca, jazz, soul, além das experiências de vida que o ajudaram nas composições, Radik encanta com uma música brasileira vibrante, “…uma expressão única de vivacidade artística e beleza musical” , como expôs a crítica musical da Brazilian Voice.

Como surgiu a paixão pela música?
Radik: Quando eu ainda era muito pequeno, com uns cinco anos de idade. Minha mãe assobiava melodias muito bem e eu adorava ouví-las. O meu pai tinha umas fitas cassete e uns discos de vinil que eu sempre ouvia. Bossa Nova, principalmente Tom Jobim, Valdir Azevedo, MPB, sambas, boleros e jazz norte-americano, entre outras coisas. Também sempre ia à casa da minha avó, no Rio, e lá tinha contato mais direto com tudo isto e com o Carnaval. Foi ouvindo muita música que o meu amor pela música brotou e cresceu. Até hoje é assim, só que agora eu também toco, canto e componho. É um amor contínuo que só aumenta.

Você é um historiador que se tornou músico e compositor. Quando aconteceu esse “turning point”?
Radik: Na verdade, não houve uma ordem exata, mas acho que a música aconteceu primeiro, até pelo que eu te falei antes. O meu interesse pela História aflorou durante o início da minha adolescência, na escola. Resolvi então prestar o vestibular para História e passei no da UFF e no da UFRJ. Escolhi a UFRJ por toda a sua história e por ser considerada uma das melhores universidades do Brasil, mesmo com todos os problemas. Mas antes mesmo de cursar a universidade eu já cantava na noite. Com 14 anos de idade eu já cantava músicas consagradas do pop/rock nacional e internacional em clubes e festas particulares. Foram oito anos cantando, até que houve um hiato durante a universidade, mas retomei a música logo antes de vir para os Estados Unidos, principalmente o violão e a composição. Também sou poeta, algo que desenvolvi durante os anos acadêmicos, aí associei música e poesia, começando a compor em 1999.

 Qual foi a razão da sua mudança do Brasil para os USA?
Radik: O amor me trouxe para cá… (risos)

 Sua música tem influências diversas; MPB, música clássica, flamenca, jazz e soul. Como você se define?
Radik: Procuro não me definir. Busco influências naquilo que sinto dentro de mim como belo, emocionante. As influências são muitas vezes pontuais. As vezes não admiro a personalidade de um artista, mas gosto muito de algumas de suas músicas. As vezes ocorre o contrário. Isto com relação ao que busco como referências. Em termos da música que eu componho, é algo que acontece muito como fruto da minha pesquisa em cima destas referências e de toda uma experiência de vida, geral ou específica, que culmina no momento da composição. E quando ela acontece da melhor maneira possível, tenho a impressão de que não sou eu o compositor, mas apenas um instrumento, um canal para que a composição seja realizada através de mim. É uma experiência transcendente, espiritual!

Há um ano você lançou nos USA seu primeiro albúm, Pêra, com apresentações em Nova Iorque e Los Angeles. Como foi a repercussão?
Radik: O álbum ficou pronto no segundo semestre de 2010, mas fiz apresentações de lançamento em Nova Iorque e Los Angeles no primeiro semestre de 2011. Para um primeiro trabalho musical, completamente autoral, sem ajuda de selos e gravadoras, sem ajuda financeira de empresários, enfim, feito na raça, o resultado foi dos mais animadores. A repercussão em Nova Iorque foi muito boa durante a minha apresentação de lançamento. Também tive a possibilidade de ser entrevistado em uma rádio local, o que foi bem legal. Em Los Angeles também foi muito bom! O mercado fonográfico está em plena transformação e até por isto é muito difícil medir a verdadeira repercussão. Mas a minha música já foi tocada em rádios no Canadá, Estados Unidos e Europa. O álbum já é distribuído online e em formato de CD inclusive no Japão. No Brasil ele pode ser adquirido pela recém inaugurada loja virtual da iTunes. Os frutos colhidos são ótimos e já estou na pré-produção do meu segundo álbum, que também está sendo feito de maneira independente e sem prazos. Adoraria poder contar com a ajuda financeira de empresários da música desta vez.

 Você fará uma apresentação na Califórnia, representando a Godin Guitars – uma das principais fabricantes de violões acústico-elétricos do mundo, localizada em Montreal, Canadá – e se apresentará em uma das maiores feiras de música do mundo, a Namm. Quais as expectativas?
Radik: Na verdade eu me apresentarei no amplo espaço reservado pela organização da NAMM Show à Godin Guitars e ainda não sei quais os dias. Pode ser que seja em todos. Procuro não criar expectativas a respeito de nada nesta vida. Acho um erro fazer isto com o que quer que seja. Tenho apenas me preparado para fazer ótimas apresentações das minhas composições e sei que quem ouvir gostará do que ouviu. Me sinto um privilegiado por poder tocar durante este evento de tamanha importância, para a minha patrocinadora, e agradeço ao universo por esta possibilidade!

 A Godin Guitars tem entre seus artistas grandes nomes da música como Esperanza Spalding, Paco de Lucia, Al Di Méola, os brasileiros Chico Buarque, Zé Ramalho, dentre outros. Como você se sente fazendo parte desse seleto grupo?
Radik: Sinto que ao fazer parte deste grupo posso me considerar no mínimo uma pessoa de muita sorte (risos). Mas sei que, na verdade, conquistei isto por que o meu trabalho foi reconhecido pela Godin. É muito bom ter me tornado artista da Godin Guitars, ainda mais por que os instrumentos que ela fabrica estão entre os melhores do mercado. Na minha opinião, eles realmente fazem os melhores violões acústico-elétricos do mercado, sem comparação! Estar ao lado de nomes como os que você citou é, na verdade, a realização de um sonho e uma grande honra, ainda mais por que se tornou realidade logo após o lançamento do meu primeiro álbum!

Pretende permanecer na América do Norte ou aspira continentes diferentes?
Radik: Pretendo não parar de tocar, cantar e compor. Acho que as coisas acontecerão naturalmente, como aconteceram até agora. Claro, nada acontece sem muito trabalho e dedicação. Por isto, pretendo trabalhar bastante com a minha música, inclusive no Brasil. Entretanto, creio que também é importante viver a vida da melhor maneira possível, sempre procurando fazer e pensar as coisas certas, de maneira positiva. A gente colhe o que planta e, sim, desejo tocar em outros continentes. Uma certeza eu posso te dar: quero muito conhecer o Canadá e tocar neste lindo país que só conheço por fotos. A qualidade de vida no Canadá é algo que sempre me chamou a atenção e espero um dia poder realizar este outro sonho – tocar e ajudar a levar a música brasileira para Toronto, Montreal e outras cidades canadenses!

Um recado para os brasileiros que vivem no Canadá.
Radik: Busquem conhecimento, vivam de maneira saudável, ouçam muita música, aprendam um instrumento ou mais, amem, não tenham medo, ajudem o próximo, meditem, busquem os seus sonhos e objetivos sem passar por cima de ninguém e me aguardem aí!!! Beijos em todos!!!

 

Advertisement