A economia pós-pandemia em Québec

Os setores definidos como estratégicos para Québec estão no centro das ações de recuperação: aeronáutico, mineração e florestal, alumínio, ciências da vida (biofarmacêutico, tecnologias médicas, produtos naturais para a saúde) e transporte elétrico

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A economia pós-pandemia em Québec. Por Eder Pessalacia.

A província de Québec possui, aproximadamente, 22% da população do Canadá, e é responsável por 20% da atividade econômica do país. Em comparação, fica atrás somente de Ontário, província que contribui com 39% para o PIB Canadense. Estes números revelam a importância de Québec para a recuperação econômica da federação, conforme a pandemia do Covid-19 vai sendo amenizada com a vacinação e medidas de contenção do vírus são tomadas.

Da mesma forma que as outras províncias, Québec foi duramente atingida pelo coronavírus, tendo seu pior mês de desemprego no início de 2019, quando muitas empresas foram obrigadas a diminuír ou interromper suas atividades de produção. Em abril do ano passado, 2020, quando o vírus se alastrava de forma crescente e descontrolada, a taxa de desemprego em Québec foi de 17%. Um salto assombroso, três vezes superior ao índice de 4,5% em fevereiro, mês anterior ao início da pandemia na região.

Durante o ano de 2020, as medidas de isolamento social e o controle da contaminação foram ora sendo relaxados, ora sendo apertados, conforme aprendíamos a lidar com a nova situação. As empresas foram se ajustando à realidade imposta pela conjuntura e, com este aprendizado, a taxa de desemprego foi caindo, gradualmente, até chegar a 6,4% em fevereiro de 2021. Esta redução corresponde à recolocação de 113.000 trabalhadores em postos de trabalho, somente naquele mês.

Aos poucos, foram surgindo no segundo semestre do ano passado diversos planos de estímulo da economia provincial em diferentes áreas, tais como transporte, economia e cultura. O governo está confiante e informa que a economia de Québec não será a mesma, e que os anos de 2021 e 2022 serão cruciais para a recuperação da província. Enfrentamos o pior deficit da história, na ordem de 15 bilhões de dólares, causado pelo pequeno agressor inesperado.

O governo québécois trabalha para que a economia pós-pandemia seja mais regional. Priorizando a província, dependendo menos de produtos importados, incentivando a produção local de bens e serviços, e adotando estratégias verdes de produção ecológica. Linhas de créditos foram abertas para as empresas inovarem, migrarem definitivamente para o mundo digital e manterem os empregos. Os setores definidos como estratégicos para Québec estão no centro das ações de recuperação: aeronáutico, mineração e florestal, alumínio, ciências da vida (biofarmacêutico, tecnologias médicas, produtos naturais para a saúde) e transporte elétrico.

Outra mudança motivada pelas medidas de distanciamento social foi a rápida e surpreendente adoção do trabalho remoto. O impacto foi tão grande que somente o governo de Québec possui, neste momento, 75% de seus funcionários trabalhando de casa. Isto significa um volume de 50.000 trabalhadores, o que permite uma economia de 56 milhões de dólares. Esta é uma mudança profunda e que deve perdurar por mais um ou dois anos, sendo depois parcialmente incorporada ao futuro modo de trabalho.

Serão ainda vários meses para a completa vacinação da população, o que deve forçar ainda mais as empresas a se reinventarem, se tornarem mais verdes e locais, migrando para o mundo digital. Enquanto isso, os planos de recuperação econômica aumentarão o deficit do governo para manter empregos e apoiar a sobrevivência das empresas. Só temos certeza de que não voltaremos ao antigo normal, “pois o normal será outro”.

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