Wave 109 – Conto infantil – As travessuras do gato Charles no aeroporto

Com pelos exuberantes e olhos que brilhavam com malícia, Charles era um gato atrevido e, indiscutivelmente, o rei de seu domínio. Mas ele não fazia ideia de que sua vida aconchegante estava prestes a virar de cabeça para baixo, literalmente!

Os humanos de Charles, Maria e Ricardo, haviam decidido se mudar para a distante terra do Canadá. A movimentação e excitação da casa pairava no ar. Por semanas, malas eram empacotadas, caixas eram lacradas e passaportes eram conferidos. O único que estava alheio à mudança era Charles, que se deleitava em seu ponto de sol habitual com uma indiferença majestosa.

Conto infantil – As aventuras do gato Charles no aeroporto. Imagem ilustrativa Dreamstime.com

O dia fatídico chegou, e a casa fervilhava de atividades. As malas e caixas que seriam embarcadas para o Canadá eram fechadas e empilhadas como uma torre, à espera do táxi para o aeroporto. No exato momento em que Maria e Ricardo estavam para trancar a caixa de transporte contendo Charles, o motorista buzinou impacientemente lá fora. Charles, vendo uma única oportunidade de escape, e com seu gosto por explorar cantos escuros, saiu rapidamente de sua caixa e esgueirou-se para dentro da última mala que ainda estava aberta, desaparecendo furtivamente da vista de todos.

Tudo pronto, aos olhos de Maria e Ricardo. O motorista carregou as malas e bagagens no táxi, caixa de Charles à vista, passaporte e documentos conferidos. Tudo certo. Rumo ao aeroporto, rumo ao Canadá.

Mas, na área do check-in do aeroporto, o pânico se instalou quando eles perceberam que Charles não estava em sua caixa de transporte, e que deveria ter embarcado em uma aventura inadvertida no aeroporto. Maria saiu nervosa para procurar Charles, enquanto Ricardo, também nervoso com a escapulida do gato, ficou tomando as providências do embarque.

A agitação parecia excitante para Charles. A mala onde estava escondido foi colocada na esteira de bagagens pela atendente, e à medida que a esteira ganhava vida, ele se viu em uma viagem irregular pelos corredores labirínticos do subterrâneo do aeroporto. Charles era um gato tranquilo, mas essa era uma montanha-russa para a qual ele não havia planejado.

Nos cantos ocultos e recônditos do aeroporto, a esteira quebrou e parou repentinamente. A mala se abriu com um floreio teatral, revelando Charles e o lançando ao desconhecido selvagem da área internacional de serviço do aeroporto.

Um faxineiro que passava não podia acreditar no que via. Charles observou o faxineiro com um olhar maroto e altivo que dizia: “Não estou perdido, estou apenas temporariamente deslocado.” O faxineiro, divertido com a bravura de Charles, o pegou no colo e o carregou como um rei.

Enquanto o faxineiro caminhava, Charles examinava o seu novo reino: as lojas duty-free, as cafeterias movimentadas e as escadas rolantes infinitamente fascinantes. Na cabeça de Charles, um viajante inexperiente, isso certamente não era mais o Brasil. Tinha chegado ao seu destino, o Canadá.

Maria e Ricardo alertaram a equipe do aeroporto de São Paulo sobre seu gato perdido. O anúncio ecoou pelo sistema de som: “Atenção, pessoal do aeroporto, por favor, fiquem atentos ao Charles! Ele é um gato tigrado laranja e preto, peludo e rechonchudo. Por favor, informem qualquer avistamento ao pessoal mais próximo.”

Charles conseguiu se livrar do faxineiro e, não se dando conta da comoção que havia causado, agora estava sentado no topo de um carrinho de bagagem, tranquilamente, observando o aeroporto de um novo ponto de vista. O vento agitava sua pelagem de uma maneira que parecia estranhamente emocionante. Ele estava começando a entender por que os pássaros adoravam voar… estava adorando o Canadá!

À medida que as horas passavam e Charles aproveitava seu passeio não convencional pelo aeroporto do “novo país”, o desespero de Maria e Ricardo crescia. Justo quando estavam prestes a perder toda a esperança, um funcionário do aeroporto avistou Charles descansando perto das janelas, seu rabo majestoso se movendo lentamente ao sol.
“Charles!” A voz de Maria tremia com um misto de alívio e repreensão. Charles se virou para ela, seus olhos brilhando com um brilho travesso que dizia: “Eu quis fazer isso e estou adorando o Canadá.”

Com o gato perdido encontrado e uma crise internacional evitada, Maria e Ricardo se aproximaram de Charles com cautela. Mas Charles, que não era de guardar rancor, caminhou em direção a eles como se estivesse fazendo um favor. Enquanto Maria o pegava no colo, o repreendia gentilmente: “Você é algo, Charles.”

Antes de ser recolocado de volta em sua caixa de transporte, Charles olhou para trás, para o aeroporto, com uma mistura de curiosidade e carinho. E relembrando a montanha-russa da esteira de bagagens, tinha que admitir que a aventura em um pais estrangeiro tinha sido bem emocionante. Mal sabia ele, sem mesmo ter saído do Brasil.
E assim, com Charles seguro nos braços de Maria e sob o olhar de Ricardo, a família de três seguiu rumo a uma nova vida no Canadá.

Conto enviado pela leitora Maria Buarque, Mississauga


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