Jeferson De conversa sobre longa Correndo Atrás que estreia em Toronto neste dia 16

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A Brazilian Wave tem o orgulho de co-apresentar a estreia em Ontário de Running After (Correndo Atrás), neste sábado, 16 de fevereiro, às 17h, no Imagine Cinemas Carlton, parte do Toronto Black Film Festival – TBFF. Na expectativa da exibição de seu terceiro longa-metragem no festival canadense, a Wave conversou com o premiado diretor Jeferson De.

Aílton Graça e Jeferson nos bastidores de Correndo Atrás

Nascido em Taubaté, interior de São Paulo, Jeferson estudou cinema na USP. Em 2003, produziu em São Paulo os programas Brasil Total e Central da Periferia, ambos exibidos na TV Globo, em 2003. Seu longa-metragem Bróder, de 2009, foi selecionado no 60º Festival de Berlim e lançado no Brasil em 2011, tendo recebido o prêmio de melhor filme pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) e 11 indicações no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro.

Em Correndo Atrás, Ventania (Aílton Graça) é trabalhador e vai tentar de tudo para mudar de vida. Já tendo aceitado diversos bicos para conseguir pagar as contas, ele foi de vendedor de produtos em sinais de trânsito até animador de festas infantis, mas nada parecia dar certo para ele. Com a grana cada vez mais curta, ele tem a ideia de ser um empresário de futebol e se torna um caça-talentos do esporte. É aí que ele conhece Glanderson (Juan Paiva), um garoto pobre e deficiente físico, que apesar das dificuldades, tem muito talento.

Nosso humor permeia toda a nossa cultura.

Wave Como surgiu a ideia de fazer o filme?
Jeferson – Quando estava lançando meu filme Bróder no Festival de Berlim eu li no avião o livro Vai na Bola Glanderson, do Hélio de La Peña. Anos depois A produtora Clélia Bessa, da Raccord Produções, juntamente com o próprio autor do livro me convidou para adaptar para o cinema. Dessa forma, nós da Buda Filmes resolvermos nos juntar a eles e começar a produção do filme.

Wave Qual foi o maior desafio para realizar o filme?
Jeferson – Como se trata de uma obra literária do gênero comédia, o desafio foi retirar o que ela tinha de mais significativo que é, ao meu ver, a capacidade que nós brasileiros temos de viver situações dramáticas e nunca perdermos nossa capacidade de sorrir (mesmo que seja de nós mesmos). Nosso humor permeia toda a nossa cultura. Um outro desafio foi conseguir reunir um elenco que tivesse esta capacidade de interpretação entre o drama e a comédia. Fomos muito felizes na escolha, temos grandes estrelas da TV e do cinema brasileiro que trouxe de maneira muito precisa o espirito brasileiro.

Serei eternamente grato ao Toronto Black Film Festival por proporcionar aos artistas negros brasileiros esta oportunidade.

Wave O que significa pra você ter seu filme em um festival como o Toronto Black Film Festival?
Jeferson Este é meu terceiro longa-metragem e ser selecionado para o TBFF é de certa forma um sonho de realizado. Penso que uma obra de arte só pode existir quando há alguém recebendo e dialogando com ela, seja um livro, uma pintura uma música ou qualquer forma de expressão. Então, para mim esta participação também é uma forma de estar com uma plateia ativa nesta recepção dos filmes. Ao mesmo tempo, é muito importante para mime star reunido com irmãs e irmãos que dividem a mesma atividade que é entreter as pessoas e ao mesmo tempo conseguir fazer com que elas reflitam sobre dores e alegrias da vida. Serei eternamente grato ao Toronto Black Film Festival por proporcionar aos artistas negros brasileiros esta oportunidade. Ano que vem espero estar de volta.

Aílton Graça, Jeferson e Lázaro Ramos durante gravação de Correndo Atrás

Wave Você já esteve em Toronto?
Jeferson – Nunca estive em Toronto. Mas sei da vocação multicultural da cidade. Este fato faz dela uma das cidades que espero conhecer em breve. Meu filme dialoga diretamente com a crença num mundo diverso, onde pessoas possam correr atrás de seus sonhos.

Wave O que você diria pro brasileiro no Canadá e até o canadense sobre o filme?
Jeferson – Vamos rir de nós mesmos. Durante noventa minutos teremos uma breve viagem com os sonhos de Paulo Ventania e Glanderson. Os dois são pessoas humildes que não se entregam ao comodismo e nem desistem fácil de seus objetivos.

Wave Você gostaria de acrescentar alguma coisa?
Jeferson – No exterior é comum os espectadores assistirem filmes brasileiros com pessoas negras, pobres e com extrema violência.

Neste filme, temos pessoas negras, pobres, mas a alegria impera. O sorriso e a alegria deve ser sempre algo que devamos correr atrás.

Mais língua portuguesa no BFF

Para a edição 2019 do Toronto Black Film Festival, além de Correndo Atrás, serão exibidos dois curtas metragens brasileiros, O Orfão, de Carolina Markowicz (Short Series 2 – Sábado, Feb 16, 3pm) e Carne, de Mariane Jaspe (Short Series 4 – Domingo, Feb 17, 1pm).

O longa cabo-verdeano The Two Brothers (Os Dois Irmãos), de Francisco Manso, será exibido no sábado, 16 de fevereiro, as 7pm, também no Imagine Carlton Cinemas, em Toronto.

Em entrevista à Wave, Joyce Fuerza, coordenadora logística e de programação do Festival, o BFF oferece uma plataforma que mostra talentos negros, incentiva o desenvolvimento da indústria cinematográfica independente e promove filmes sobre a realidade dos negros de todo o mundo, enquanto trazem as comunidades juntas, “Ter dois filmes em língua portuguesa no festival permite mais inclusão e dá um espaço para as comunidades lusófonas se unirem, compartilhar com outras comunidades, bem como aprender umas com as outras através da arte e da cultura.“ – comenta.

Mais informações e ingressos no torontoblackfilm.com

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