
Sempre considerei a existência deles fundamental na minha vida. Desde que me entendo por gente tenho animais de estimação. E diante dessa pandemia, desse isolamento que tem durado mais do que todos pensávamos, a presença de um Amigo fiel no meu dia a dia tem feito toda diferença.
Apesar dos passeios diários terem diminuído muito, quase escassos, diria, minha maior distração nesses dias de quarentena foi ele, dedicados e acalentados por ele, Bobby Ray.
Mesmo morando na mesma casa com meus pais e irmã – cada um tem sua independência, seu canto, sua rotina – é inevitável não me sentir “sozinha” de vez em quando. Normal, e confesso que até gosto! Mas o fato de ter um serzinho te “namorando” o tempo inteiro, te seguindo, mesmo que com o olhar, não me permitiu ter esse sentimento de solidão. Os momentos de tristeza também não duravam muito.
Quantas vezes me peguei perguntando o que seria de mim sem a presença e alegria dele… Quanto amor e quanta alegria ele me dá! Minhas risadas têm nome – Bobby Ray! Como é importante estar em boa companhia em dias tão sombrios e de tantas incertezas e desigualdades.
Aprendi tantas coisas nessa nova fase que estamos vivemos. Tantas! Das mais bobas às mais profundas. Uma delas foi tosar o Bobby, missão que durou cerca de duas semanas para ser concluída, mas sem muito sucesso, já que até hoje encontro um pêlo mais comprido aqui, outro ali. Aprendi a ter mais resiliência (nem sempre consigo, mas tento!), jogo de cintura quando o assunto é a convivência com pessoas tão diferentes. Aprendi a virar a panqueca jogando para o alto, a fazer arco-íris artesanal (fiz 20 para dar de presente para minhas amigas), a driblar a ausência dos abraços, e a importância, mais do que nunca, da solidariedade.
No fundo, no fundo, gostei dessa desaceleração que o mundo deu. Acho que todos estavam precisando desse sacode que o coronavírus trouxe. As pessoas se voltaram mais para suas famílias, suas raízes. Passaram a valorizar mais a relação com o próximo, já que o amanhã se tornou ainda mais incerto. Quantas vidas se foram nesse meio tempo? E, mais uma vez me pergunto: o que seria de mim nesses dias sem a presença essencial do Bobby Ray?
Adote, não compre! Ajude sempre um animal de rua, um abrigo!




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Renata Garavaglia, ou simplesmente Naná. Carioca, jornalista, “mãe” do Bobby Ray e uma eterna aprendiz.