
Quando era criança, eu gostava de escutar histórias do tempo da colonização do Brasil. Entre elas, as das vindas de açorianos para o sul do Brasil, ainda no século XVIII, na busca de uma vida nova.
Muitos já vinham casados. Recebiam promessas de terras e dinheiro por parte da Coroa portuguesa para se estabelecerem e cuidarem dos muitos filhos que povoariam o lugar. Os chamados “casais D´El Rey” deram origem a muitas famílias representadas, hoje, por centenas de milhares de brasileiros!
Os mapas também me traziam algum conhecimento geográfico sobre o arquipélago dos Açores. A mil quilômetros de distância do Brasil, cruzando o Atlântico, ali se localizam as nove pequenas ilhas: São Miguel, Santa Maria, Terceira, Graciosa, Pico, São Jorge, Faial, Flores e Corvo.
E para quem quer conhecer um pouco de história e da herança dos açorianos, vale muito conhecer Florianópolis, no sul do Brasil! Afinal, nem só de surfistas e de veranistas vive esta cidade-ilha, que chama a atenção por suas belíssimas praias e, também, pela sua identidade cultural. Por isso, Florianópolis é carinhosamente reconhecida por muitos como “a décima ilha dos Açores”, aqui no Brasil.

Mas esse sentimento de pertencimento da cultura açoriana pelos locais é um processo relativamente recente. A partir de 1990, o ordenamento do turismo deu maior visibilidade à rica cultura açoriana presente na ilha, há séculos.
Logo na chegada, já percebemos o jeito diferente e cantado de falar, bem típico do lugar. E o encantamento só cresce! À medida que vamos passeando, podemos identificar os vibrantes e coloridos pedacinhos dos Açores que pulsam na ilha.
Ainda hoje, a pesca artesanal é fonte de sustento de muitas famílias. Barcos coloridos passados de pais para filhos são lançados ao mar na pesca de tainhas, corvinas e anchovas. A primeira saída ao mar pelos mais jovens, a confecção das redes, os reparos dos barcos e os melhores locais de pesca, tudo envolve prática e conhecimento tradicional.
A Dança da Ratoeira é um exemplo do esforço atual de projetos de valorização da identidade açoriana na comunidade Caeira do Saco dos Limões. Em roda de ciranda, mulheres inventam versos, puxam trovas, dançam e cantam, divertindo-se e fortalecendo as amizades: “Senhora fulana, entre dentro desta roda, diga um verso bem bonito, diga adeus e vá-se embora”. Novas gerações já são envolvidas nas escolas, ampliando a possibilidade de conservação da cultura.

Para quem gosta de artesanato, as rendas de bilros aparecem como uma das tradições mais antigas da ilha de Florianópolis. Em movimentos bem treinados, as mulheres rendeiras produzem arte, cruzando fios com auxílio de pauzinhos de madeira, os chamados bilros. Mas são os alfinetes espetados, com destreza em uma grande e dura almofada, que dão figura aos belos e delicados rendados vendidos em ateliês e feiras artesanais locais.
O bairro de Santo Antônio de Lisboa é parada obrigatória. Este conjunto arquitetônico dos Açores é imperdível, porque conta com antigos e bem conservados casarios de paredes brancas e janelas coloridas. Ali, também, encontramos a delicada e preciosa igreja barroca de Nossa Senhora das Necessidades, fundada em 1756.
Não poderíamos fechar esta matéria sem falar da tradicionalíssima Festa do Divino. Esta respeitada celebração, de origem portuguesa e de cunho católico, acontece em muitas outras partes do Brasil.
Quarenta dias depois da Páscoa as comunidades se enfeitam para homenagear o Divino Espírito Santo, e os devotos saem em procissão, no exercício de sua devoção religiosa. Em Florianópolis, a festa do Divino, que chegou com as saudades e a fé dos imigrantes açorianos em meados de 1700, integra-se hoje no cenário nacional, como um dos muitos pedacinhos dos Açores que nos encantam no sul do Brasil.
Ana Carolina, deu vontade de conhecer Florianópolis!!!
Que bom
vale a pena. É linda. E que bom que você se sentiu estimulada. Esta é a idéia! Fique atenta às outras publicações da Brazilian Wave. Leituras leves e de qualidade. Tudo o que precisamos no momento!
Agora estou logada direitinho! Um abraço, Elmar e obrigada.
Que encanto de cidade!
Preciso conhecer .
😘
Não. Peça, Átila! Vale super a pena. O Brasil eh lindo. Há muito o que conhecer. Ler sobre os lugares é também uma boa forma. Sugestão para um próximo texto de algum lugar do Brasil?
Desculpe. *não perca, Átila!
Olá, Átila. Bom te encontrar aqui! Um abraço e até o próximo passeio…pelas letras…
Adorei, passei pelos cantos de Floripa e pelo Brasil lendo seu artigo.
Que bom Mary e obrigada! E vamos seguir passeando juntas! Vc eh de onde do Brasil? Alguma sugestão para eu escrever um próximo texto?
Oi Mary! Obrigada por compartilhar a sua boa impressão. E vamos passeando por aí! Te espero na próxima.
Que bacana. Já dá para traçar um roteiro turístico!
Bora passear depois que a pandemia passar! Enquanto isso, vamos viajando nas escritas. Acompanhe minhas próximas publicações. Bj.
Vale a pena! Com certeza. Obrigada, Mer! beijo
Que texto excelente! Gostoso de ler, descritivo na medida de provocar a imaginação, mas sem cansar com os detalhes.
Cumpre bem o papel de promover o turismo aqui.
Fiquei com vontade de ir lá conferir.
Parabéns!👏🏻
Obrigada, Maria Martha! Anota no seu caderninho de “lugares bacana para eu conhecer”. Vale sim,conhecer Florianópolis para além das praias. Ler sobre o lugar, antes de viajar, é muito proveitoso. Um abraço
Valeu, MM! Achei ótimo o “sem cansar com os detalhes”. Ficarei atenta!
Carol, seu texto já nos proporciona uma belíssima viagem pelas palavras! É desta leveza que estamos tanto precisando!
Oi Meuri. Super obrigada. Vamos flanar juntas e pelo texto por Florianópolis!
Que linda e inspiradora matéria sobre a influência açoriana em Florianópolis!!!!! Passei a conhecer um pouco mais de Florianópolis através dessa “viagem” proporcionada por Carolina. E aumentou minha vontade de ir até lá!!!!!
Obrigada, Deise! O Brasil tem muitas coisas bacanas, histórias para se contar e lugares para se conhecer.
Comments are closed.