Por Marta Almeida
Ana Lúcia sempre foi deslumbrada com o exterior, como aliás acontece com a maioria dos brasileiros. Filmes e séries sabia de cor. O estilo de vida norte-americano era a perfeição para a paulista da pequena Ribeirão Bonito, pertinho de São Carlos. Trabalhou duro para conseguir dinheiro suficiente e fazer a tão sonhada viagem. Apesar de apaixonada pelos Estados Unidos, por causa da TV e do cinema, decidiu vir para Toronto. A prima rica de São Paulo que fazia faculdade no Canadá era o motivo mais forte.
– Eu no máximo fui pra Sampa umas 4 vezes. Então, preciso de alguém confiável para me ajudar a conhecer um país tão distante – explicava aos amigos que apostavam na escolha pelos Estados Unidos.
Quando chegou a Toronto e foi recebida com muito carinho pela prima Fabíola, Ana Lúcia se sentiu em casa.
– Gente! Parece demais com Nova York isso aqui! Dizia encantada ao passear pelo centro.
A paixão foi tanta, que o passeio virou moradia e Ana Lúcia queria mostrar para família toda e para os amigos como estava feliz. Na época, o envio instantâneo de fotos digitais ainda não existia. Celular então, nem pensar. Era tudo na “Kodak” mesmo e ainda com filme para revelar as fotos. Todas as semanas, Ana enviava pelo menos umas dez cartas com fotos pelos Correios. Escrevia cartas longas com os detalhes interessantes das novas descobertas. Mas um belo dia, ao telefonar para sua mãe, ficou surpresa com o fato de que nenhuma de suas cartas havia chegado.
– Colocou o endereço direito minha filha? Perguntou a mãe aflita para ver como a filha estava.
– Claro que sim mãe! E coloquei nas caixas chiques dos Correios que existem espalhadas pela cidade. Precisa ver que praticidade! É só abrir e jogar as cartas!
A prima ouviu a conversa e desconfiou pois na vizinhança nem havia tantas caixas de correios. Assim que Ana Lúcia desligou, perguntou:
– Onde é que você coloca as cartas mesmo prima?
– Aqui pertinho prima, vou te mostrar. Tem várias destas caixas aqui no bairro, disse mostrando à prima, uma caixa de lixo!
Assim que aprendeu a distinguir a caixa do lixo da dos Correios, Ana Lúcia tratou de enviar outras fotos, mas o caso virou a piada de todos os tempos na família.