Foram muitas. Mas outras tantas arquivei em imagens, além das lembranças. Tenho por hábito, fotografar estranhos por onde passo. Pessoas que de alguma forma me intrigaram, me fizeram virar a cabeça.
Gente, que me despertou curiosidade sobre estórias que nunca serão contadas, palavras que jamais serão trocadas.

Essa menininha linda, sentada na poltrona da frente do avião, se encantou com a câmera e eu me encantei com ela. Soube pelos “novos” pais, que acabara de ser adotada e estavam a caminho de Barcelona. Imagino que hoje, já adaptada e na adolescência, esteja muito feliz com sua família e amigos.

Uma senhora francesa, almoçando no silêncio de pensamentos distantes, me parecia o retrato da solidão. Mas seria mesmo? Me dei conta de que também estava comendo só. E que aquele momento era absolutamente perfeito e nem um pouco solitário. Que continue frequentando aquele bistrô divino, na melhor companhia do mundo: ela mesma!

Algumas primaveras atrás, encontrei esse homem através das músicas que saíam de seu acordeão. Seu sorriso e sons talvez não fossem reparados por todos, afinal Paris é uma cidade agitada, frenética. Algumas pessoas não têm tempo para poesia sonora. Eu tive e serei eternamente grata por aqueles momentos de intensa empatia.

Um homem simples, com a passagem do tempo marcada no rosto cheio de poeira. Vendia legumes de aparência duvidosa num pano estendido no chão de um mercado marroquino. Não sei o que pensei sobre ele naquele momento, mas tive uma certeza: todos que fotografei não eram invisíveis, eu era!
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Que texto lindo!! Parabéns Celina, me sensibizou!
Obrigada! Apesar da inspiração ser difícil em tempos conturbados, ainda tem belezas por aí para nos emocionarem!