Era a primeira celebração de Thanksgiving para a família Silva, recém-chegada ao Canadá, vinda do Brasil há pouco menos de um ano. Animados por abraçar uma nova tradição, Madalena e Francisco decidiram oferecer um jantar de Thanksgiving para seus amigos canadenses e outros expatriados. A ideia era preparar pratos típicos brasileiros e canadenses, mas o destaque indiscutível seria o peru de Thanksgiving.

Madalena, com sua energia contagiante, havia passado o dia inteiro na cozinha, preparando a festa com muito entusiasmo. O aroma delicioso dos pratos preenchia a casa, misturando o cheiro de feijão preto, arroz e farofa acebolada, com o cheiro de purê de batata, torta de abóbora e, claro, do peru assando no forno. Enquanto Francisco e os filhos trabalhavam em equipe para finalizar a arrumação da casa, a dona da casa se esmeirava na cozinha para que tudo saísse perfeito.
Os convidados chegaram na hora marcada e todos se mostraram excitados com a experiência gourmet brasileiro-canadense que estava por vir. Tudo pronto na cozinha, era a hora de finalizar a mesa de jantar. Com um sorriso satisfeito e muito orgulhosa de sua culinária, Madalena arrumou todos os pratos e enfeitou a mesa com o peru suculento no centro, em local de destaque, e foi chamar os convidados. Ao retornar à sala de jantar com os amigos ansiosos para se sentarem à mesa, Madalena parou, de repente, e o seu sorriso congelou. O peru de Thanksgiving havia desaparecido! Madalena gritou: Cadê o peru???!!!
Um silêncio atônito tomou conta da sala. Olhares incrédulos se cruzaram entre os Silva e seus convidados. O marido Francisco coçou a cabeça, perplexo, quando viu o centro da mesa com um prato vazio. “O peru estava aqui, eu juro que o vi antes”, murmurou para si mesmo.
Enquanto todos se perguntavam, intrigados, pelo peru desaparecido, uma agitação estranha veio do quintal. Era Max, o enérgico cachorro da família, correndo de um lado para o outro, latindo com um entusiasmo contagiante.
“Max, o que você está aprontando?” exclamou Francisco, indo em direção ao cachorro.
Ao chegar no quintal, Francisco não podia acreditar no que via. Lá estava Max, agarrado ao peru, balançando-o como se fosse um troféu. O peru era praticamente do mesmo tamanho que Max, um pequeno Jack Russel, mas isso não o impediu de reivindicá-lo como seu novo tesouro, o seu presente de Thanksgiving.
“Max! Solta isso!” gritou o Francisco, tentando tirar o peru da boca do cachorro.
Max, no entanto, estava determinado a não abrir mão de sua conquista. Ele correu pela casa, com o peru na boca e com Francisco e os filhos em seu encalço, tropeçando em brinquedos espalhados pelo chão. A cena era tão absurda que os convidados que haviam se reunido na sala não puderam conter as risadas.
Finalmente, após uma corrida tumultuada pela casa, Francisco conseguiu convencer Max a soltar o peru. O cachorro o deixou cair no chão, onde ele ficou desajeitadamente, cercado por risos e aplausos.
“Max, você achou o peru!” gritou Madalena, às gargalhadas, ao lado dos convidados.
Max olhou para o peru confuso, balançando a cauda como se estivesse se parabenizando por seu feito épico. Para Max, o peru não era apenas comida – era o presente mais emocionante e glorioso que ele já tinha recebido no Canadá.
Francisco pegou o peru do chão, dando de ombros com um sorriso. “Bem, acho que encontramos o nosso prato principal.” Em seguida, devolveu o peru para o cachorro e dando risadas disse: Happy Thanksgiving, Max.
O jantar continuou com muito mais animação do que jamais imaginaram. As risadas e histórias compartilhadas sobre o “grande roubo de peru” tornaram aquele dia de Thanksgiving inesquecível.
Maria Buarque é leitora da Wave e contribuiu com este artigo de Thanksgiving.