Wave 102: A independência do Brasil e os museus brasileiros

Por Arthur Vianna

Dia 7 setembro de 2022. Pelo Brasil afora, e em vários países, como no Canadá, brasileiras e brasileiros comemoram os 200 anos da independência de sua nação. Na minha geração, meninas e meninos aprendiam nos bancos escolares que Dom Pedro I declarou a independência do Brasil de Portugal às margens do rio Ipiranga com o grito “É tempo! Independência ou morte! Estamos separados de Portugal”.

Com a mesma disposição de personagens, o 1807, Friedland, de Jean-Louis-Ernest Meissonier, pode ter sido o modelo geral de composição para a pintura de Pedro Américo Independência ou Morte! (Metropolitan Museum of Art / Wikimedia Commons)

Era uma visão romântica que tinha como imagem emblemática uma pintura do artista brasileiro Pedro Américo. O quadro, de 4,14 por 7,60 metros, foi pintado em 1888 em Florença, Itália, e hoje se encontra no Salão Nobre do Museu do Ipiranga da Universidade de São Paulo. Hoje, mesmo considerando Dom Pedro I um herói nacional, os motivos que levaram o Brasil a se separar de Portugal contêm uma visão mais crítica e abrangente.

Para conquistar a sua independência, o Brasil assistiu a várias revoltas e a morte de muitos brasileiros. Como por exemplo, as guerras dos Emboabas, dos Mascates, a revolta de Filipe dos Santos e também a ocorrência de movimentos separatistas como as conjurações Baiana e a Mineira, esta última entrou para a história como Inconfidência Mineira. Além disso, havia uma crise no sistema colonial e o exemplo das independências de nações, tanto na América inglesa como na espanhola. Três anos após o 7 de setembro de 1822, Portugal reconhece a independência do Brasil e recebe uma indenização de dois milhões de libras esterlinas.

Foto: Pintura oficial do Imperador Dom Pedro I (Fonte: Wikimedia Commons)

Fatos históricos sobre o reconhecimento da independência

O reconhecimento da Independência do Brasil não se deu imediatamente após o emblemático Grito do Ipiranga. De acordo com o historiador Rainer Gonçalves de Sousa, Dom Pedro I teria de tomar diversas ações que pudessem assegurar a autonomia política da nação brasileira. Primeiramente, teve que enfrentar vários levantes militares em algumas províncias que se mantinham fiéis a Portugal. Para tanto, chegou a contratar mercenários ingleses que asseguraram o controle dos conflitos internos.

Entretanto, não bastava pacificar os desentendimentos provinciais. Para que o Brasil tivesse condições de estabelecer um Estado autônomo e soberano, era indispensável que outras importantes nações reconhecessem a sua independência. Já em 1824, buscando cumprir sua política de aproximação com as outras nações americanas, os Estados Unidos reconheceram o desenvolvimento da independência do Brasil.

Apesar da importância de tal manifestação, o Brasil teria que fazer com que Portugal, na condição de antiga metrópole, reconhecesse o surgimento da nova nação. Nesse instante, a Inglaterra apareceu como intermediadora diplomática que viabilizou a assinatura de um acordo. No dia 29 de agosto de 1825, o Tratado de Paz e Aliança finalmente oficializou o reconhecimento lusitano. (Fonte: mundoeducacao.uol.com.br)

Museus brasileiros

Muitos são os museus que retratam a história do Brasil e de seu povo. Com relação à Independência, a maioria dos registros estão, naturalmente, em São Paulo. Foi lá que o então príncipe Dom Pedro deu o chamado “Grito do Ipiranga” contra seu pai, Dom João VI, que reinava em Portugal.

Mas, antes de conhecer os museus que tratam da Independência, vale uma visita ao Museu da Inconfidência, localizado em Ouro Preto, Minas Gerais. Criado na década de 1930 por iniciativa do então presidente Getúlio Vargas, o museu tem em seu acervo os restos mortais dos Inconfidentes que morreram no degredo da África.

Museu da Inconfidência, em Tiradentes, MG. (Foto: Rossano Pio)

Vale a pena um passeio interativo ao Museu da Inconfidência, na histórica cidade mineira de Ouro Preto.

Visita virtual ao Museu da Inconfidência
Fachada do Museu do Ipiranga, na cidade de São Paulo, SP. (Foto: Dreamstime.com)

Já para quem deseja sentir o clima de 200 anos atrás, a dica é caminhar pelo Parque da Independência no bairro Ipiranga, um dos mais tradicionais de São Paulo. Com seus casarões antigos, é considerado o berço histórico da Independência. Nele, fica o Museu do Ipiranga, inaugurado em 7 de setembro de 1895; o Monumento à Independência, erguido em 1922 para comemorar o seu centenário e a Cripta Imperial que guarda os restos mortais do Imperador Dom Pedro I e de suas esposas, Leopoldina e Dona Amélia. Nas proximidades do Parque da Independência, podemos encontrar, ainda que meio escondida, a Casa do Grito. Uma lenda urbana conta que ali Dom Pedro teria passado uma noite. A mesma casa aparece no famoso quadro de Pedro Américo e é considerada uma importante atração turística por ser um dos últimos exemplares de construção de pau a pique na cidade de São Paulo.

  • Fechado para obras desde 2013, o Museu do Ipiranga teve a sua reabertura anunciada para o dia 6 de setembro de 2022. Confira o site do museu: http://museudoipiranga2022.org.br.

Outros museus brasileiros que merecem destaque:

  • Museu Imperial (Petrópolis, RJ)
  • Museu da República, antigo Palácio do Catete (Rio de Janeiro, RJ)
  • Museu Júlio de Castilhos (Porto Alegre – RS)
  • Museu do Homem do Nordeste (Recife – PE)
  • Museu Histórico Nacional, criado no centenário da Independência (Rio, RJ)
  • Museu da Gente Sergipana (Aracaju, SE)
  • Museu Nacional da República, obra de Oscar Niemeyer (Brasília, DF)
  • Museu Republicano de Itu, considerado uma extensão do Museu do Ipiranga (Itu – SP)
  • Museu de Artes e Ofícios (Belo Horizonte – MG)
  • Inhotim (Brumadinho – MG)
  • De belas artes: Museu de Artes de São Paulo – MASP
  • Museus de Arte Moderna de São Paulo
  • Museus de Arte Modernado Rio de Janeiro
Fachada do Palácio de São Cristóvão na Quinta da Boa Vista, RJ, atual Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, fotografada antes do incêncio de 2 de setembro de 2018. (Foto: Halley Pacheco de Oliveira)

Uma menção especial para o mais antigo museu brasileiro, o Museu Nacional. Fundado por Dom João VI em agosto de 1818 e localizado no bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Na noite dia 2 de setembro de 2018, um incêndio destruiu 90% de seu acervo. A tragédia repercutiu em todo o mundo, pois o Museu Nacional continha um dos mais ricos acervos de antropologia e história natural da América Latina, com mais de 20 milhões de itens. Entre as causas, a falta de verbas públicas para sua preservação e manutenção. Sua reabertura total está prevista para 2027.

  • Está prevista para 2027, a reabertura do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, depois de ter sofrido um incêndio, em 2018, que destruiu 90% de seu acervo.

Nos últimos anos, pelo menos 8 grandes incêndios atingiram prédios no Brasil com valor cultural, científico e histórico. Entre eles, em dezembro de 2015, o Museu da Língua Portuguesa. Felizmente, o museu foi totalmente recuperado dentro das mais modernas técnicas de interatividade. O Museu da Língua Portuguesa é, hoje, ponto obrigatório para quem visita a capital paulista.