Por Alethéa Mantovani
Pauta: Christian Pedersen
A atriz brasileira fala sobre o novo filme da Netflix “Barba, Cabelo e Bigode”, sobre a carreira e muito mais…

A atriz Solange Couto, 66 anos, é a estrela do novo filme brasileiro de comédia que foi lançado recentemente pela Netflix, o “Barba, Cabelo e Bigode”.
No longa-metragem, que retrata com bom humor a história de uma família que vive no bairro carioca da Penha, a estrela interpreta uma mãe preocupada com o futuro dos filhos e com a crise pela qual o seu salão de cabeleireiro está passando.
Além da estrela, Lucas Koka Penteado também é um dos protagonistas e interpreta o filho da atriz na obra. Um jovem que, na dúvida sobre o que fazer da vida naquele momento, decide que irá cortar cabelos no salão de beleza da mãe – algo que foge das expectativas de Cristina, personagem interpretada por Solange.
Também fazem parte do elenco MC Rebecca, Sérgio Loroza, Neusa Borges, Yuri Marçal, Juliana Alves, Nando Cunha, Luana Xavier, Jeniffer Dias, Bruno Jablonski e Xando Graça.
Escrito por Anderson França, Marcelo Andrade e pelo ator Silvio Guindane, o filme é dirigido por Rodrigo França, para o qual a atriz foi só elogios. “O Rodrigo é só alegria, um cara leve, um homem talentoso! Não tem como não amar trabalhar com ele” – conta.
O longa traz ainda uma novidade inusitada em relação aos demais filmes retratados nas periferias até então, pois em nenhum momento ele mostra qualquer arma ou mesmo alguma situação violenta enfrentada. Muito pelo contrário, com um elenco bastante diverso, ele apresenta uma história descontraída e bem divertida, que destaca o cotidiano de uma família simples, com as suas preocupações e anseios. “Eu penso que o nosso autor e diretor quiseram trazer um olhar verdadeiro, mas que não passa pela violência. Afinal, por que toda história de subúrbio tem que ter banho de sangue, né?” – questiona Solange.
Na entrevista, a artista conta ainda que, apesar das mudanças ocorridas de uns anos pra cá na teledramaturgia, ela continua trabalhando bastante e que nada mudou para “atrizes raízes” como ela, Fernanda Montenegro – a Fernandona, como ela a chama – e para a Glória Pires. Ela enfatiza que, na verdade, o que mudou foi a maneira de entregar os trabalhos hoje. “A forma de entregar o produto, a obra, é que está mudando. Temos o streaming, as novelas, os filmes e séries disponíveis para a hora que o telespectador quiser ver, e quantas vezes ele quiser reprisar. Eu acho isso maravilhoso!” – destaca.
Entrevista com Solange Couto
WAVE – O filme “Barba, Cabelo e Bigode” é uma comédia que estreou recentemente pela Netflix e tem tudo para ser um grande sucesso. Fale um pouco sobre o enredo e as suas expectativas.
SOLANGE COUTO – O filme é um retrato do subúrbio brasileiro, das famílias e da diversidade de estilos de vida que existem nesses lugares. Trata-se de uma mãe preocupada com o futuro dos seus filhos e com a crise que seu estabelecimento está passando. Fala também da realidade da mãe chefe de família que tem a sua “jaula de leões” para resolver por dia. E não é só um “leão” não!
WAVE – Como surgiu o convite para atuar num filme direcionado ao streaming e como foi trabalhar com o diretor Rodrigo França?
SOLANGE COUTO – O Rodrigo é só alegria, um cara leve, um homem talentoso, não tem como não amar trabalhar com ele. O convite veio através do Raoni, o nosso diretor de elenco e do Rodrigo. Eu aceitei na hora, pois em time bom a gente aquece e entra para fazer o gol junto.
WAVE – O filme “Barba, Cabelo e Bigode” acontece inteiramente na periferia, porém não mostra uma arma sequer. Na sua opinião, qual foi a intenção do autor com essa novidade?
SOLANGE COUTO – Olha, eu penso que o nosso autor e diretor quiseram trazer um olhar verdadeiro, mas que não passa pela violência. Afinal, por que toda história de subúrbio tem que ter banho de sangue, né? Trouxemos um olhar bem-humorado de superação, de laços familiares e sonhos. É importante que outras camadas da sociedade vejam isso, enxerguem a periferia sem ter que sentir o cheio da pólvora junto.
WAVE – Você é uma grande atriz, já protagonizou papéis inesquecíveis na teledramaturgia brasileira. Quais foram os mais marcantes e que até hoje o público comenta ao te encontrar?
SOLANGE COUTO – Eu acho que para o público em geral temos a Dona Jura, a Inácia, a Coronela e muitas outras. Mas, uma personagem que me marcou muito foi fazer a Cuca do “Sítio do Pica Pau Amarelo”. Eu amei fazer também a mãe de Chiquinha Gonzaga, pois foi um trabalho difícil e eu amo desafios.
WAVE – Qual a sua opinião sobre a teledramaturgia atualmente? O que mudou da época em que você interpretou a Dona Jura, da novela “O Clone”, para os dias de hoje?
SOLANGE COUTO – A teledramaturgia continua a mesma, isso para mim, para Fernandona e para a Glória Pires, pois quem é “atriz raiz” leva do mesmo jeito a composição do trabalho e se adéqua para as novas tecnologias. Acho que a forma de entregar o produto, a obra, é que está mudando. Nós temos o streaming, as novelas, os filmes e as séries que estão disponíveis para a hora que o telespectador quiser ver, e quantas vezes ele quiser reprisar. Eu acho isso maravilhoso!
WAVE – Você acha que, atualmente, existe uma carência de trabalho para grandes profissionais como você?
SOLANGE COUTO – Não, eu não paro de trabalhar. Esse ano mesmo eu estou com esse filme, fiz participação em um outro projeto para o GloboPlay, gravei um produto para linha de entretenimento de um canal aberto e, por conta da agenda, infelizmente eu não consegui atender como coadjuvante em um filme e em duas peças. É claro que existem momentos com menos volume, mas eu não tenho sentido essa carência.
WAVE – A mídia, de um modo geral, dá muita ênfase para notícias sensacionalistas ou muitas vezes que não correspondem à realidade? Você já sofreu muitas vezes com isso? Como reage quando lê uma fake news a seu respeito?
SOLANGE COUTO – Geralmente, eu dou risada, mas a mídia quase sempre é muito generosa comigo e não me desrespeita. Quando sai alguma coisa sensacionalista, acaba vindo de veículos específicos que produzem esse tipo de informação. De verdade, eu não sofro com isso, só às vezes me preocupo se envolve terceiros, pois me preocupo pela outra parte não saber lidar como eu lido.
WAVE – Hoje as redes sociais são um importante meio para aproximar o artista do seu público, mas também podem servir para dar voz aos haters. Qual a sua opinião sobre elas? De que maneira você as utiliza?
SOLANGE COUTO – Eu utilizo Instagram, Tik Tok, Facebook e tenho um canal no Youtube, mas não recebo ou não percebo esse discurso de ódio, graças a Deus. As pessoas têm percebido que meu intuito ali é somar, trazer meus pensamentos, um pouco da minha experiência de vida para contribuir. Na verdade, existe uma troca. Eu seria muito soberba e míope em achar que só eu tenho a oferecer. Os meus seguidores são incríveis e eu tento ler e responder quase tudo o que me enviam.
WAVE – O que você faz hoje para manter a boa forma e cuidar da saúde e da beleza?
SOLANGE COUTO – Eu cuido da saúde, da alimentação, do humor e da minha pele. Eu me preocupo muito em ser feliz e menos em ser bonita, e isso não é papo furado de quem tem um biotipo que facilita não, eu realmente tenho foco em fazer a manutenção básica como citei e levar uma vida feliz.
WAVE – Quais são os seus próximos projetos?
SOLANGE COUTO – Eu quero fazer mais cinema, mais séries, gosto da ideia de estar em um produto na TV aberta, mas esse ano foi a vez do streaming. Eu sou apaixonada por TV, gosto de teatro, eu amo trabalhar com arte. Eu não me acostumo com a ideia de ser celebridade até hoje, pois me sinto mais uma operária da arte. Sempre foi assim no meu coração e é assim que eu me mantenho.