
Para além da famosa Alaska Highway, é possível chegar ao Alasca por outra via terrestre, passando por uma pequena cidade canadense da Colúmbia Britânica chamada Stewart. Com apenas 450 habitantes, ela fica cerca de 3 quilômetros de distância de Hyder, a comunidade mais ao sul do estado norte-americano. Localizada no Canal de Portland, o local é reduto de ursos negros e pardos, e permite visitar o quinto maior glaciar do país, o Salmon Glacier, que é também o maior entre os acessíveis por estrada no mundo. “O interessante é que, mesmo estando localizado em território canadense, para chegar à geleira é preciso passar a fronteira para o Alasca”, conta a brasileira Adelaine Lisboa Gasana, que vive com o marido Araão e a filha Rivkah em Prince George, também em BC. “Nós já fomos para lá duas vezes. Stewart é bem pequena, mas linda, cercada por natureza exuberante e com muitas possibilidades de passeios”, completa.
Pequena notável
Nos anos 1900, a área vivia do garimpo do ouro e da prata e, acredite se quiser, a cidade já teve uma população de cerca de 10 mil habitantes na época da exploração dos metais preciosos. Mas o número de moradores foi caindo juntamente com o declínio da mineração. Hoje, ela sobrevive da indústria madeireira e do eventual turismo de quem passa por lá para alcançar o Alasca. Para conhecer mais de sua história, vale dar uma passada no Stewart BC Museum. Devido à proximidade com o oceano, o clima é mais ameno do que em outras regiões mais interioranas do norte da província.
O glaciar mais famoso da região fica a cerca de 39 quilômetros de distância de Stewart e é preciso passar por Hyder para chegar até lá. No centro de visitantes, é possível ter acesso a um guia que descreve 14 pontos de parada entre a pequena cidade e o mirante de Salmon Glacier. Cada ponto é numerado pelo caminho e entre eles estão a Tital Trail, uma trilha de 8 quilômetros que leva ao local de uma antiga mina; uma área de observação da vida selvagem, especialmente ativa nos meses que antecedem o inverno; a Tongass National Forest, uma floresta com glaciares, montanhas e muito verde; além da cidade de Hyder, no Alasca e do próprio glaciar.

Segundo Adelaine, a vista da geleira é de tirar o fôlego e vale por todas as cerca de nove horas de estrada de Prince George até lá. De um ponto mais alto, vê-se o que parece ser um rio de gelo sem fim, que vibra com cores azuladas e esverdeadas. Esse é um tipo de paisagem nada familiar aos brasileiros. Ao redor, montanhas fazem a moldura perfeita para o lugar. Além deste, existem outros glaciares incríveis que também podem ser visitados na região, como o Bear Glacier.
Rumo ao Alaska: Hyder, 90 habitantes
Se Stewart já é pequena, Hyder consegue ser ainda menor, tendo apenas apenas cerca de 90 habitantes. “A sensação de quem entra em Hyder é de estar em uma cidade fantasma”, descreve Adelaine. Ela preserva sua história em algumas construções antigas, mesmo com o declínio de seu período áureo, que foi durante a corrida do ouro e da prata. Por não estar conectado a nenhuma outra comunidade americana, o local depende da vizinha canadense para a chegada de produtos e alguns serviços básicos. O comércio recebe dólares tanto americanos quanto canadenses, respeitada a conversão de valor. A brasileira diz que não existe nenhuma exigência de visto americano para passar a fronteira de Stewart para Hyder. Entretanto, para poder regressar ao Canadá, é preciso ter toda a documentação exigida pelo governo canadense em dia.

Stewart mostra que não só de grandes centros vive a Colúmbia Britânica e que existem experiências extraordinárias fora de Vancouver, sua cidade mais conhecida. Além de ter a chance de ver paisagens inéditas para grande parte dos brasileiros, ir para lugares menos povoados e movimentados permite o contato mais intenso com a natureza e a vida selvagem, além de ser um respiro de paz em meio ao caos urbano.