Wave 97 – Entrevista com Juan Paiva

O ator comenta o trabalho em ‘Um Lugar ao Sol’, nova novela da Globo, e analisa o seu personagem: “Ele é um cara muito sensível, emotivo, acredita de verdade nas pessoas e na vida”

Juan Paiva, ator da novela Um lugar ao sol, interpretando o personagem Ravi. (Foto: Divulgação)

A Globo confirmou que a novela “Um Lugar ao Sol” entrará no horário das 21 horas, substituindo a reprise especial de “Império”. Segundo a emissora, a estreia acontecerá em novembro.

“Fiquei muito feliz quando fui convidado para dirigir a novela da Lícia Manzo porque ela era uma das autoras que eu tinha vontade de trabalhar. Adoro fazer novelas e espero, nesse projeto, conseguir unir a experiência que tenho na dramaturgia com os anos no humor”, comenta o diretor Maurício Farias.

Em “Um Lugar ao Sol”, os caminhos dos irmãos Christian e Renato, separados na infância, finalmente convergem quando os dois completam 18 anos. Ao se despedir no leito de morte do homem que sempre acreditou ser seu pai, Renato descobre sua verdadeira origem, assim como a existência do irmão gêmeo de quem fora separado. Revoltado, confronta a mãe adotiva, Elenice (Ana Beatriz Nogueira), que mente ao filho, dizendo que seu irmão e o pai biológico estão mortos.

Juan Paiva fala sobre o personagem que protagoniza na novela

Christian (Cauã Reymond), Lara (Andréia Horta) e Ravi (Juan Paiva). (Foto: Divulgação)

Juan, como você descreveria o seu personagem Ravi, na novela?
O Ravi é órfão, foi criado em um abrigo. Ele é um cara muito sensível, emotivo, acredita de verdade nas pessoas e na vida. Ele entende que a vida é a vida. Quanto mais ele puder ser humano, afetivo, melhor. Ele é carente de carinho. É um cara que gosta dos insetos e que tem essa ligação com a natureza. E quando chega ao Rio é outra pegada; são os prédios, concreto. Ele vai morar com o Christian numa comunidade bem diferente do abrigo que morou a vida toda. Então tudo é muito novo para ele.

Como é a relação do Ravi com Christian?
O Christian é como se fosse um irmão mais velho para o Ravi. Um pai, um melhor amigo. Ele tem respeito e grande admiração pelo fato de o Christian ter cuidado dele. Ter dado amor e carinho e ensinado ele a ler e a escrever. O Ravi foi adotado por uma família e depois foi devolvido, porque ele tinha um déficit de atenção. Ele não sabia lidar com os problemas e ficava muito nervoso. As famílias que o adotavam não tinham muita paciência para a energia do garoto. Ele sempre teve um vazio no peito por essa ausência dos pais. Então, para o Ravi, o Chris é tudo.

O Ravi e o Christian são muito amigos, mas têm personalidades muito diferentes, certo?
O Christian, na verdade, muda a personalidade quando assume o lugar do Renato. Isso é um baque para o Ravi, porque ele começa a perceber a ambição do amigo. O Ravi não é a favor da forma de viver que o Christian acaba adotando. Se for para ele ter conquistas materiais, que seja pelo mérito dele, através do esforço. O Ravi acredita muito no estilo de vida desta forma, de correr atrás, de acreditar. E ele está o tempo todo tentando trazer o amigo para a essência, para a terra, pôr os pés no chão.

Qual o impacto da Lara sobre o Ravi?
No Rio, o Ravi conhece a Lara através de um emprego, e se apaixona imediatamente. Ele tem uma grande admiração por aquela mulher. Depois ele até renuncia a ela pelo amigo. Para ele, o importante é os três se unirem para tentarem viver a vida de outra forma. Só que as coisas não acontecem da forma como ele imaginava, já que Christian resolve assumir o lugar do Renato.

Como foi gravar a novela durante a pandemia?
Foi uma novidade, uma adaptação. Tivemos que gravar com acrílico, máscara, manter o distanciamento. Tivemos algumas pausas nas gravações e no retorno foi aquele processo de readaptação. Não enferruja, mas foi uma dinâmica para entrar no personagem novamente, principalmente em relação ao sotaque, já que ele é goiano e eu sou carioca.

Juan Paiva relembra o início de sua carreira de ator

Em entrevista à coluna de Patrícia Kogut, no jornal O Globo, o morador do Vidigal, comunidade na Zona Sul do Rio, conta que sua carreira começou no grupo teatral Nós do Morro. “Eu tinha 8 anos quando fiz minha primeira peça de teatro. Depois, ainda criança, atuei no filme 5x Favela – Agora por nós mesmos. Na televisão, a primeira novela foi “Totalmente demais“.

“Lembro de a minha mãe dizer para eu sempre ter os pés no chão, acreditar que tudo é momento. Muitas coisas passam, a vida continua e pode nos levar para caminhos diversos. Trabalho sonhando e buscando realizar. Aprendi no Nós do Morro que, para ser um artista interessante, eu preciso me tornar uma pessoa interessante. Acho que por isso nunca me deslumbrei. É trabalho e é o que gosto de fazer”, continuou.

Atualmente, Juan Paiva continua frequentando o curso de teatro do Nós do Morro e tem consciência de sua responsabilidade de impactar positivamente a vida de outros jovens. “Por conta dos trabalhos e da falta de tempo, eu me afastei, um pouco, nos últimos meses. Mas tenho me esforçado para assistir às aulas de prática de montagem, por exemplo. No Vidigal, sempre tive referências de muitos artistas e achava o máximo as pessoas se manterem lá. Eu curto o Vidigal”, ponderou.

Resumo da trama da novela Um Lugar ao Sol

Todos tecemos nossas vidas com o mesmo novelo: o da realização dos sonhos. Mas, e quando, ao invés de possibilidades e caminhos, surgem barreiras e entraves? Se para você todas as portas estivessem fechadas e subitamente uma se abrisse, sob a condição de deixar sua identidade para trás, você iria adiante?

Esses questionamentos irão ecoar na trama central da próxima novela da Globo, ‘Um Lugar ao Sol’ – primeira obra completamente inédita, na faixa horária, desde o início da pandemia do coronavírus. Criada e escrita por Lícia Manzo, a história mantém a marca dos trabalhos da autora, em que conflitos humanos e familiares são o fio condutor da narrativa.

Os gêmeos Christian e Christofer (Cauã Reymond) encarnam realidades polares: a dos sonhos realizados e a dos que foram cruelmente frustrados. Ao perderem a mãe no parto, em Goiânia, os irmãos são separados prestes a completarem um ano de idade. Um deles é adotado por um casal do Rio de Janeiro; o outro é encaminhado pelo pai, sem recursos, a um abrigo. Assim, Christofer – rebatizado Renato pelos pais adotivos – e Christian crescem em realidades opostas, sem saberem da existência um do outro.
“No momento em que o abismo que separa pobres e ricos no Brasil é tamanho, me parece um desafio oportuno dar protagonismo a Christian, socialmente excluído e invisível, e Renato, seu extremo oposto”, afirma Lícia Manzo. A direção artística é de Maurício Farias que, após 20 anos à frente de séries e programas de humor na Globo, retorna à dramaturgia diária. “Fiquei muito feliz quando fui convidado para dirigir a novela da Lícia porque ela era uma das autoras com quem eu tinha vontade de trabalhar. Adoro fazer novelas e espero, nesse projeto, conseguir unir a experiência que tenho na dramaturgia com os anos no humor”, comenta o diretor.

Em ‘Um Lugar ao Sol’, os caminhos dos irmãos Christian e Renato finalmente convergem quando os dois completam 18 anos. Ao se despedir no leito de morte do homem que sempre acreditou ser seu pai, Renato descobre sua verdadeira origem, assim como a existência do irmão gêmeo de quem fora separado. Revoltado, confronta a mãe adotiva, Elenice (Ana Beatriz Nogueira), que mente ao filho, dizendo que seu irmão e o pai biológico estão mortos. Ao mesmo tempo, Christian, que com 18 anos é obrigado a deixar o abrigo para menores onde cresceu, em Goiânia, também descobre ter sido separado do irmão. Inteligente e dedicado aos estudos, Christian deixa o abrigo e, sozinho no mundo e sem perspectivas, é rapidamente confrontado com a realidade do país. Subempregado, vê-se obrigado a arquivar seus sonhos, e apenas a existência do irmão afortunado – seu extremo oposto – parece iluminar sua vida. Na esperança de encontrar Christofer, decide partir então para o Rio de Janeiro. Antes, despede-se de Ravi (Lauan do Amaral), seu irmão de coração, 10 anos mais novo, criado no abrigo com ele.
Christian desembarca no Rio movido pela esperança de encontrar o irmão, enquanto o destino lhe prega uma peça: Renato segue para a Europa com uma passagem só de ida, disposto a ficar longe da vida que descobriu ser uma farsa.

Dez anos se passam. Dez anos em que Christian peregrina como ambulante na porta do Engenhão, em jogos do Botafogo, na esperança de encontrar o irmão. Sua única pista: um recorte de revista onde um jovem idêntico a ele, com a camisa alvinegra, assiste a uma partida na Tribuna de Honra do estádio. Uma busca vã, como o tempo logo irá lhe ensinar…

Aos 28 anos, Christian segue para a rodoviária para receber Ravi (Juan Paiva), que acaba de completar a maioridade. Por intermédio de Ravi, que passa a morar com ele, Christian conhece Lara (Andréia Horta). A conexão entre os dois é instantânea. Batalhadora, Lara foi criada em Minas Gerais pela avó, Noca (Marieta Severo), e veio para o Rio de Janeiro cursar gastronomia. Apaixonado, o jovem reconcilia-se então com a própria vida, desistindo da busca inglória pelo irmão perdido.

Voltando a acalentar o sonho de um futuro melhor e possível, dentro da própria realidade, planeja casar-se com Lara para, juntos, abrirem um pequeno negócio. Novamente, no entanto, o destino se interpõe: Ravi é preso injustamente, acusado por um roubo que não cometeu, e Christian precisa levantar o dinheiro da fiança. Sem alternativa, acaba aceitando fazer um carreto para o tráfico e, inadvertidamente, contraindo uma dívida ainda maior. Ameaçado de morte e num beco sem saída, aceita a proposta de Lara: venderem o que têm para livrar Ravi, fugindo em seguida para a casa da avó em Minas Gerais.

Contrariando o impossível, no entanto, na noite marcada para a fuga, Christian encontra, ao acaso, Renato (que acaba de voltar ao Brasil). Após uma intensa madrugada juntos, os irmãos serão novamente separados, mas, desta vez, em caráter definitivo. Instável e problemático, ao tomar conhecimento da dívida do irmão, Renato sobe o morro em seu lugar. Tomado pelo irmão, é morto pelos traficantes. “É um conflito entre manter sua essência, seguir as coisas que você acredita, e aproveitar uma oportunidade que a vida te dá de romper com tudo isso. Com alguns custos, é claro, como abandonar uma série de valores e também um grande amor”, analisa o diretor Maurício Farias.

Idêntico ao irmão recém falecido, e, num primeiro momento, tomado por ele pelo porteiro do prédio, por sua namorada (a exuberante Bárbara, Alinne Moraes), e pela mãe adotiva, Christian aplica-se então a emular personalidade e comportamento do irmão, tornando-se seu duplo. Decidido a deixar o passado para trás, assume a identidade de Renato, tendo Ravi como único confidente. Incógnito, assiste a Lara enterrar o suposto corpo de Christian e segue rumo a uma nova vida, onde terá que lidar com as consequências de sua escolha. “Gostaria de trazer para a conversa diária de quem nos assiste questões como integridade, ética, corrupção e desigualdade social – não de um ponto de vista estatístico ou factual, mas íntimo, subjetivo e humano”, avalia a autora Lícia Manzo.