A vida em Ladner e Tsawwassen, na Colúmbia Britânica

Parte da Cidade de Delta, essas duas pequenas comunidades reúnem território tradicional, vida rural e investimentos empreendedores. “Brinco que vivo na roça, mas adoro aqui! Tem tudo o que preciso no dia a dia, como mercados, lojas, hospital, parquinhos e escola. Além disso, é extremamente perto de Vancouver, o que me permite ir para lá sempre que quiser”, diz Marisa, que mora em Ladner.

Cedo da manhã em Ladner, British Columbia, perto de Vancouver, Canadá. Barcos atracados ao longo do cais em um braço tranquilo do rio Fraser. (Foto: Vismax / Dreamstime)

Marise Fonte, 38 anos, nunca tinha imaginado morar de vez no Canadá, muito menos em um lugar predominantemente rural, de apenas cerca de 22 mil habitantes. Ladner é uma pequena vila com fazendas e cara de interior que, junto com Tsawwassen e Delta do Norte, forma a cidade de Delta, a cerca de 30 quilômetros de Vancouver. “Brinco que vivo na roça, mas adoro aqui! Tem tudo o que preciso no dia a dia, como mercados, lojas, hospital, parquinhos e escola. Além disso, é extremamente perto de Vancouver, o que me permite ir para lá sempre que quiser”, diz. Ladner é a comunidade mais perto de Tsawwassen, que é onde se encontram as terras da Primeira Nação Tsawwassen (TFN).

Ladner fica cerca de 30 km ao sul de Vancouver. (Foto: Google map)

A brasileira, que hoje trabalha com consultoria de imigração, conta que uma amiga falou de uma vaga de trabalho em uma organização para pessoas com deficiência em Calgary (AL) e ela se inscreveu para concorrer. “Como eu já havia trabalhado de au pair e em navios de cruzeiro nos Estados Unidos, acredito que era qualificada para a função, e me chamaram em 2011.” Já no Canadá com um visto de trabalho, ela conheceu seu atual marido, o coreano Ian, com quem começou a namorar. Então, eles ficaram sabendo que poderiam fazer o processo para imigrar pelo processo Canadian Experience Class (CEC), e passaram a ficar definitivamente no país, casando-se depois de dois anos juntos. “Na época, não existia Express Entry. No meu caso, bastava ser qualificada e a Residência Permanente era garantida. Por isso foi super fácil para mim”, explica Marise.

Marisa Fonte com o marido, Ian, e as filhas Ariel e Kiara. (Foto: arquivo pessoal)

Hoje com duas filhas, Ariel e Kiara, a consultora conta que Ian acabou vendo uma oportunidade de abrir um restaurante em Ladner e foi – depois de uma estadia em Abbotsford – com toda a família para lá em dezembro de 2018. “No início foi um uma grande diferença, pois eu adorava Calgary, que era uma cidade bem maior, mais urbana e com muitos atrativos para a família. A única coisa que me incomodava era o frio extremo. Agora, a vida é muito mais pacata, quase nada acontece, mas eu adoro essa tranquilidade”, diz Marise. 

Vida em Ladner e Tsawwassen

A brasileira explica que enquanto Ladner é reduto de grandes propriedades, fazendas e mansões, Tsawwassen está em uma crescente de condomínios residenciais e comércio, que só podem ser construídos lá por meio do Tsawwassen Land Act, que permite que parte das terras aborígenes, que pertencem à TFN, seja alugada por um período de 99 anos a empresas e outras pessoas, para depois voltar para as mãos dos donos originários. Dessa forma, as primeiras nações Tsawwassen podem administrar as próprias terras, recebendo o dinheiro pelo uso delas sem perdê-las por definitivo. “Com isso, é possível comprar casas com preços um pouco menores nessa área, apesar de o mercado mobiliário estar em alta. É lá que fica também um grande outlet”, conta. 

Em termos financeiros, Marise conta que a região não é das mais baratas, exatamente por atrair pessoas com grande poder aquisitivo e investidores. Lá também não há um grupo de brasileiros “Eu conheço poucas pessoas que não sejam canadenses aqui”, diz ela. Para quem pensa em imigrar para o Canadá e está em busca de um lugar para viver, a consultora afirma que é preciso pensar no que é prioridade. “Aqui, por exemplo, não tem trem, como em outras cidades periféricas de Vancouver. Então, para quem depende de transporte público, tem de pegar ônibus para outra cidade e de lá pegar o trem. Já quem tem carro, em 40 minutos está no centro de Vancouver”, conta. “Eu acho que aqui é para quem já esteja no país há mais tempo e queira tranquilidade ou um lugar para criar os filhos”, completa. 

Dentre os atrativos para as famílias, ela aponta a grande variedade de opções de lazer, como parquinhos, piscina pública, rinques de patinação, locais de trilhas e piqueniques, e prainhas. Lá também funciona uma feira de produtores locais durante o verão. No inverno, as luzes de Natal enfeitam toda a comunidade, criando uma sensação de magia e aconchego, além de o clima ser ameno. “Dizem que tem 40% mais dias de sol do que em Vancouver, o que é uma vantagem”, brinca a brasileira. Já em Tsawwassen, as belezas naturais, a história da Primeira Nação Tsawwassen e os investimentos na região tornam o local encantador.

Como um fator negativo, Marise ressalta a grande alta do mercado imobiliário, que está expulsando as famílias tradicionais da região, que estavam lá há gerações e acabam saindo pela alta geral dos preços. Não era assim antigamente, já que a comunidade surgiu como um local de pescadores. Ela também conta que mesmo estando por lá há três anos, ainda não conseguiu encontrar uma médica de família. Mas, segundo a consultora, os benefícios ultrapassam os problemas, já que a vizinhança calma e amigável, o fato de ter todos os serviços essenciais, além de opções públicas de lazer, e a proximidade de um grande centro fazem de Ladner um ótimo lugar para se viver. “Eu me apaixonei por Ladner e dificilmente saio daqui por opção”, finaliza. 



Esse texto faz parte da série de reportagens “Columbia Britânica não é só Vancouver” desenvolvida com o apoio do Governo do Canadá, através do programa “Local Journalism Initiative (LJI)”, iniciativa responsável por fomentar a criação de produções jornalísticas sobre comunidades de todo o Canadá.

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