Brasil Paralímpico

Por Rogério Silva
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O atleta paraolímpico Alan Fonteles.

O cenário escasso de medalhas brasileiras nas Olimpíadas Rio 2016 provocou uma forte reflexão nos torcedores: O que é preciso para tornar o país uma potência mundial esportiva? Muito já foi dito sobre as condições socioeconômicas irregulares do Brasil, que apresentam índices não constantes nos campos do ensino e da infraestrutura, sobretudo. O resultado medíocre no esporte seria consequência de nossos fracassos em educação? E a eterna pecha de que deixamos tudo para a última hora, seria o retrato do nosso não planejamento?

As olimpíadas acabaram e o negócio agora é pensar em Tóquio 2020 – que por sinal já está com seu dever de casa bem adiantado. Mas tem gente boa entrando em quadra, mergulhando nas piscinas, se aquecendo nas pistas de atletismo. Agora é a vez das Paralimpíadas. E nisso aí, o Brasil dá show.
Somos uma força paralímpica. Em Londres 2012, fechamos com um honroso sétimo lugar no quadro geral de medalhas, nosso melhor resultado até hoje: 43 no total, sendo 21 ouros. O Brasil participa desde 1972, em Heidelberg/Alemanha. De lá pra cá já são 229 medalhas. Para a Rio 2016, a meta do Comitê Brasileiro é figurar entre os 5 melhores do mundo. A delegação brasileira é a maior da história, com 278 atletas.

O Brasil tem o maior nadador paralímpico da história, Daniel Dias, com 15 medalhas, sendo 10 de ouro. Ainda são dele 6 recordes mundiais e 14 títulos em competições internacionais. Outros orgulhos nacionais são os atuais campeões no atletismo: Alan Fonteles na T43/44 e Terezinha Guilhermina na T11, os mais velozes em suas categorias.

Clodoaldo Silva, o Clodoágua, que inspirou muitos desses atletas em 2004, em Atenas, deve se aposentar. Na época, ele conquistou seis ouros e um bronze. Dará suas últimas braçadas, despedindo-se das competições em piscinas cariocas.

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Clodoaldo Silva, o Clodoágua.
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Em competições coletivas, destaque para o futebol de cinco para deficientes visuais. Nossa equipe está invicta há quase uma década e busca sua terceira medalha de ouro consecutiva, além de dispor do melhor jogador do mundo, Ricardinho.

As Paralimpíadas Rio 2016 apresentam 23 modalidades. Muitas delas divididas em várias categorias e subcategorias. Isso por conta das diferentes deficiências. 160 países estão representados por mais de 4 mil atletas. A abertura não poderia ser numa data mais apropriada: 7 de setembro. Feriado Nacional que lembra o Dia da Independência Brasileira. O encerramento ocorre 11 dias depois no palco mais sagrado para o esporte nacional: O enigmático estádio do Maracanã.

O slogan “Viva Sua Paixão” é inspirador para essa primeira edição realizada no Brasil. O Rio de Janeiro, a cidade maravilhosa, se transformou. Várias intervenções foram realizadas nos últimos 7 anos com vistas a tornar o ambiente mais apropriado possível para a maior recepção já realizada em nossas terras. Áreas degradadas foram revitalizadas e os investimentos no Centro e no Parque Olímpico prometem ser os grandes legados dos jogos para os cariocas.

Daniel Dias
Daniel Dias, o maior nadador paralímpico da história.

Nem tudo é alegria. O sentimento de insegurança vai perdurar, pois o crime organizado mantém estratégias desafiadoras para as autoridades. Além disso, a Baía de Guanabara ainda está poluída.

Mas o brasileiro é otimista por natureza e deve aproveitar o embalo da festa para impulsionar o bonde da nossa história. Afinal de contas, somos os donos da bossa, do samba. E a Gisele Bündchen é 100% nossa.

Rogério Silva é jornalista, diretor da TV Paranaíba, afiliada Record no Triângulo Mineiro/MG. Dirige ainda o departamento de jornalismo da rádio Educadora, emissora Jovem Pan em Minas Gerais.

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